* Editado a partir do original publicado em ZH desta data, página 50
- Mire, pibe, yo soy Di Stéfano, do Real Madrid.
- E daí? Sou o Waltão, de Canoas.
Esse improvável diálogo teria acontecido após duas ou três entradas mais
duras do zagueiro do Cruzeiro de Porto Alegre no grande Di Stéfano, o CR7 do
Real Madri na época do jogo de estreia de uma longa e pioneira excursão de
um time gaúcho por países da Europa e Ásia. Foram 15 jogos por seis países, uma
experiência tanto, e um retrospecto
positivo: sete vitórias, cinco empates e apenas três derrotas. A data da épica
estreia: 8 de novembro de 1953.
Mais do que o folclore que cerca
o embate entre o zagueirão gaúcho, na época com apenas 20 anos e recém-vindo da
categoria de base do Grêmio, e o atacante
argentino que chegou a ser comparado a Pelé, ficou o bom resultado do
time dirigido por Oswaldo Rolla, o Foguinho: 0 x 0 contra o poderoso Real
Madrid.
A lembrança daquele jogo, há 64 anos, é mais do que oportuna quando
novamente um time de província se prepara para desafiar o Real Madrid, que
certamente é ainda mais poderoso que o time de 1953. Só que agora vale um
título mundial e diferente dos jogos de antanho, de difícil comunicação, todos
os olhares do mundo estarão voltados para a grande decisão. Em campo,
sucessores dos estrelados Lapaz, goleiro, Laerte III (pai do Príncipe Jajá)
centromédio, dos atacantes Tesourinha
II, Rudimar e Rubens Hoffmeister (mais tarde presidente da Federação Gaúcha de
Futebol), sem esquecer do Waltão de Canoas e do ousado presidente Antônio
Pinheiro Machado Neto, comunista de carteirinha (pai do Anonymus Gourmet), vai
estar uma geração de imortais tricolores, a geração de Grohe, Geromel, Kannemann, Cortez, Ramiro, Luan e, va lá, Jael, Fernandinho,
Everton – cada um merecedor de um qualificativo bem ao gosto dos narradores
esportivos. E Renato é tão vitorioso e carismático como era o Foguinho na
época. Na presidência dos clubes aparece agora também um nome com vinculação
politica, Romildo Bolzan Junior, se é que isso tem algum significado nesse
contexto.
Agora imaginem o que pode acontecer neste sábado em Abu Dhabi, depois de
Geromel se antecipar e desarmar todas as investidas de Cristiano Ronaldo. O
português melhor do mundo vai dar duas ou três espiadinhas no telão do estádio
e se exaltar com o marcador:
- Olha, gajo, eu sou o CR7 do Real Madrid.
Ao que Geromel responderá:
- E daí? E u sou o Pedro Geromel, do Humaitá!
Será muita soberba de gremista ou antevisão de uma realidade? A verdade
é que o Grêmio não está proibido de ganhar do Real Madrid. Haja coração!
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