segunda-feira, 1 de dezembro de 2025

A crônica esportiva tem futuro

*Publicado nesta data em Coletiva.net

No sábado, 29, vivenciei na sede da Associação Riograndense de Imprensa duas situações muito gratificantes: a entrega das premiações aos vencedores do Prêmio Nacional de Reportagem Esportiva/ Aceg 80 anos e o lançamento do livro ACEG 80 anos – 1945-2025. Os eventos fizeram parte das celebrações pelas oito décadas de atuação da Associação dos Cronistas Esportivos Gaúchos, nascida como Associação dos Cronistas Esportivos de Porto Alegre/ Acepa.

No concurso de reportagens, com 94 inscritos, ficou evidenciada a qualidade dos trabalhos apresentados, de média para superior, tanto nas categorias profissionais como universitárias. Essa constatação contraria as críticas que tenho ouvido e lido com frequência sobre a atuação da crônica esportiva gaúcha, que viveria um momento de baixa, enfrentando uma crise de identidade e credibilidade, pois estaria dissociada dos interesses do público.  Pela amostra das matérias que concorreram no Prêmio, de uma garotada promissora e vocacionada,  nas redações e na academia,  me arrisco afirmar que há futuro, sim, na crônica esportiva, especialmente no setor da reportagem. Chama a atenção a presença cada vez maior e sempre qualificada, das mulheres no jornalismo esportivo, igualmente entre as profissionais e as estudantes.

Quem sabe daqui a alguns anos, essa gurizada possa estar presente com seus depoimentos num livro que comemore 100 anos da Aceg, complemento da obra que resgata a história de 80 anos da entidade, lançada também no último sábado.

Com 180 páginas e fartamente ilustrado, o livro teve uma edição primorosa do jornalista e editor Fernando di Primio. Dividida basicamente em três pilares, a obra resgata a história dos esportes no Rio Grande do Sul nessas oito décadas; rememora – além da própria trajetória da ACEG – a evolução, os grandes feitos e as grandes coberturas de nossa crônica esportiva no mesmo período e apresenta deliciosas crônicas – histórias vividas – de 32 cronistas esportivos especialmente convidados e que constituem a parte essencial dessa história. Apresenta, ainda, uma pequena biografia dos 24 presidentes da entidade, desde Cid Pinheiro Cabral, o primeiro, a Rogério Amaral, o atual.

De minha parte, escalado para o time dos cronistas convidados, resgatei parte de um texto, intitulado O Profissional da Adrenalina, que publiquei num 8 de dezembro, data em que se comemora o Dia do Cronista Esportivo:

“A data, comemorada no mundo inteiro, segundo registros nada confiáveis, é creditada   a Aulus Lépidis, que seria o primeiro cronista esportivo ao descrever, num  8 de dezembro,  um duelo entre escravos e leões, no jornal Acta Diurna, de Roma. Aulus  acabou ele mesmo devorado por animais famintos, jogado às feras por Marcelus Brunos, o domador dos leões, cuja esposa teria um caso amoroso com o primeiro mártir do jornalismo esportivo. Que história, hein!

Fico pensando em como esse episódio seria contado pela imprensa esportiva da época e tenho certeza de seria uma cobertura ágil, detalhada, emocional e opiniática, com muita adrenalina, portanto,  porque esses atributos – positivos ou negativos – fazem a essência da atividade. A verdade é que a crônica esportiva já nasceu sob o signo da controvérsia e isso é inevitável em se tratando de uma editoria que envolve competições e rivalidades – vide o nosso Grenal.

Não conheço cronista esportivo que não seja apaixonado por seu trabalho e aos que ficaram e aos que virão meu reconhecimento e um abraço parceiro. Boa adrenalina  pra vocês! E vida longa a nossa ACEG”.

 

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