* Publicado nesta data em Coletiva.net.
Sempre que me envolvo em
eventos tenho lidado com um tipo peculiar: o Desculpante. É aquela pessoa que
arranja toda a sorte de desculpas para não comparecer ao evento para a qual foi
convidada e cuja presença, é importante frisar, seria voluntária. São viagens
inesperadas, consultas médicas de urgência, compromissos familiares
impostergáveis, reuniões de trabalho em horários tardios. Aparece de tudo, até
o sincero “esqueci”. Tem ainda uma
subcategoria que já avisa que fará “o possível para comparecer” e isso, na
verdade, é a senha para a ausência certa e para acionar o modo desculpa.
Como já estou acostumado com
esses procedimentos e não sou de guardar ressentimentos com os faltosos – afinal, repito, os convites não
implicam obrigatoriedade – acho até divertida a situação. Gostaria apenas que o
pessoal fosse mais criativo e ampliasse o leque de justificativas.
De minha parte, que não
tenho muita paciência e disponibilidade para tantos eventos que se oferecem,
especialmente em finais de ano, sou seletivo nas presenças. Quando compareço, dou meu prefixo no local e depois de ser bem notado
e cumprimentado saio à francesa.
Sessão de autógrafo são
um martírio para mim, eu que deveria ser condescendente porque pelo menos duas vezes
por ano estou colocando meus garranchos em livros que produzo. Só que
desenvolvi uma técnica que dá celeridade ao processo: é autógrafo, foto e um
rápido diálogo. Se for uma caldável, ainda tem direito a um gracejo respeitoso.
Para os lançamentos dos
amigos, procuro sempre ser o primeiro a chegar e receber o autógrafo. Se a fila
é inevitável começo a dar recados para
os da frente, a fim de que evitem as resenhas
com o autor. Nem sempre funciona e acho que tenho colecionado alguns desafetos
com essa atitude incivilizada, reconheço. É que a minha intolerância à filas é
mais forte do que minhas amabilidades,
diferente da maioria dos meus iguais veteranos, que adoram uma aglomeração para
colocar as conversas em dia, criticar os governos, falar das artes dos netos,
dos achaques da idade e das novidades em receitas de remédios. Nesses casos, nem
preciso de desculpa para passar longe dessa chacrinha.
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