*Publicado nesta data em Coletiva.net
A palavra do ano em 2025 é
um número: 67, ou six-seven em inglês. A
escolha é do dicionário on line dictionary.com, que analisou com sua equipe de
lexicografia buscas no Google, tendências em redes sociais e frequência em
notícias. O significado do termo exige esforço e boa vontade: “67” virou um
símbolo de humor, atitude e energia nas trends – o que está em alta - mas sem
significado literal. O encanto e relevância da expressão estariam justamente
nisso: ela não quer dizer nada, mas diz
muita coisa pela forma como é pronunciado, vê se pode!
O mais inusitado no
processo são as justificativas para a decisão final. Três fatores teriam
impulsionado a ascensão vertiginosa de “67” para o lugar mais alto no podium de
A Palavra do Ano: a música “Doot Doot (6 7)”, do rapper Skrilla, vídeos virais
de basquete no TikTok que popularizaram o termo e o "The 67
Kid", um garoto que repetiu a expressão exaustivamente em um jogo,
transformando-a em meme. Ou seja, uma escolha baseada em uma realidade
autenticamente norte-americana, que virou febre a partir da Geração Alfa, dos
nascidos após 2010.
Só pra lembrar, em 2024 a
palavra do ano foi “brain rot"
("cérebro apodrecido" ou "atrofia cerebral"), e em 2023 foi
o “rizz”, termo geralmente citado em postagens relacionadas ao charme para
atrair parceiros em potencial. Ambas as escolhas foram da conceituada universidade
britânica de Oxford. Hoje, quem lembra dessas palavras?
Isso posto, me dou o direito
de pensar que os doutos acadêmicos de Oxford e de outras instituições
igualmente prestigiadas devem estar sem pauta relevante para essa imersão sazonal
em busca da tal palavra do ano. Gostaria de participar como mero espectador da
reunião dos lexicologistas em que a
palavra é escolhida entre tantas que ficaram em evidência durante o ano. Será que os debates são acalorados? Grupos
internos torceriam por essa ou aquela palavra? Haveria lobistas externos
pressionando para emplacar seu termo favorito, buscando algum tipo de vantagem?
Existiriam interesses escusos por trás da escolha? E,
afinal, qual a utilidade de reverenciar a Palavra do Ano? Eis um detalhe que
não consigo alcançar.
Como estou adiante do meu
tempo, embora seja das gerações baby boomers dos nascidos entre 1945 e
64, já cheguei ao 69, que está acima do
agora celebrado 67. Reservo-me o direito ao silêncio obsequioso para não
prestar mais esclarecimentos sobre minha preferência pelo 69, que está expressa
no livro Quando Eu Fiz 69, lançado em setembro de 2019 e esgotado no mercado.
Não vai faltar quem diga: “Quanta bobagem!”. É verdade, mas quem começou foram os
acadêmicos sem pauta de Oxford.
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