*Publicado nesta data em Coletiva.net
Woke é um termo da moda
surgido na comunidade afro-americana e que originalmente significava estar
alerta para a injustiça racial. Depois, tornou-se sinônimo de políticas liberais ou de esquerda, que defendem temas
como igualdade racial e social, feminismo, o movimento LGBTQIA+, o uso de
pronomes de gênero neutro, o multiculturalismo, a ecologia, o direito ao
aborto, entre outros ativismos. O termo ressurgiu na última década com o
movimento Black Lives Matter, criado para denunciar a brutalidade policial
contra afrodescendentes. Dessa vez, seu
uso se espalhou para além da comunidade negra e passou a ser empregado com
significado mais amplo, chegando mundialmente, com suas bandeiras de luta, a
todos os segmentos.
Agora, entretanto, constata-se
um forte movimento anti-woke em grandes empresas e manifestações culturais. Gigantes
como Ford, Microsoft, Google e Meta, dona do Facebook, Instagram e WhatsApp
começam a abandonar as políticas de diversidade. Por aqui, a John Deere, com sede em Illinois (EUA) e
fábrica em Horizontina, já anunciou distanciamento de medidas de inclusão e
diversidade Ganha força nos Estados
Unidos o abandono da agenda ESG (Environmental, Social and Governance) sigla que se traduz pela prática da sustentabilidade
no universo corporativo,
Na indústria cultural as
reações não são diferentes. As produções de Hollywood, por exemplo, enfrentam
uma crise evidente ao priorizar narrativas alinhadas com temas woke., afastando-se
daquilo que a média do público busca nos filmes, ou seja, boas histórias e
personagens envolventes. Resultado: queda no interesse dos espectadores e no
retorno dos bilionários investimentos. Com isso, empresas como a Disney, sempre
elogiada por sua adesão à cultura woke, já começam a rever sua estratégia e
focar no entretenimento para toda a família.
Matéria da BBC News (“O
que é 'woke' e por que termo gera batalha cultural e política nos EUA?”) é
esclarecedora sobre a questão: “Os críticos da cultura ‘woke’ questionam
principalmente os métodos coercitivos adotados por pessoas que eles acusam ser ‘policiais
da linguagem’ — sobretudo em expressões e ideias consideradas misóginas,
homofóbicas ou racistas”. E acrescenta: “Um
método que vem gerando muito mal estar é o ‘cancelamento’, o boicote social e profissional, normalmente
realizado por meio das redes sociais, contra indivíduos que cometeram ou
disseram algo que, para eles, é intolerável”.
Só para ilustrar, numa redação jornalística de Porto Alegre um
colunista usou o termo “frescura” em conversa com outro colega, foi denunciado
ao setor de Compliance por alguém que ouviu o palavra, teve que se explicar e acabou recebendo uma advertência . Esse
extremismo, primo irmão do politicamente correto, é que está fragilizando o que
deveria ser uma prática saudável, de
defesa de boas causas, de tolerância e aceitação do contraditório, mesmo que
não haja convergência de posições.
A resposta dos críticos é
uma espécie de cancelamento reverso à cultura woke. Só que essa resposta no mundo empresarial é determinada
mais pela perspectiva de prejuízos nos negócios, do que por ideologia ou crença
em valores. Assim como os bancos e o comércio varejista.do Brasil, que clamam
por medidas para restringir as apostas
nas bets, não porque estejam preocupados com as finanças dos
despossuídos, mas porque a fezinha que eles fazem estaria drenando, em
escala, recursos que seriam das operações bancárias ou do consumo. Esse
pessoal detesta concorrência, ainda mais quando ameaça os lucros deles.
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