*Publicado nesta data em coletiva.net
Colunista com espaço
regular fica entusiasmado quando os leitores interagem diante de um texto de
autoria dele. Não é só vaidade. Na maioria dos casos é porque os comentários,
prós e contras, vão dar subsídios para uma nova coluna. Puro pragmatismo.
Paulo Sant’Anna que
assinava a coluna diária da última página de Zero Hora não escondia sua
satisfação quando o conteúdo de uma crônica era contestado. Polêmico como ele só, isso acontecia com muita
frequência. E a coluna do dia seguinte estava garantida, com a publicação integral
do contraditório. Para quem tem espaços diários na mídia, isso é uma benção,
mas mesmo para este que vos fala, com uma solitária coluna semanal aqui em coletiva.net, opiniões contrárias são
bem-vindas pela mesma razão.
O nariz-de-cera* acima se
justifica para dizer que a coluna da semana passada “A reinvenção do rádio”
preencheu os requisitos necessários para ganhar continuidade. Houve comentários
a favor e contra à defesa que fiz sobre as mudanças pelas quais passa o rádio, que
considero a mídia com mais capacidade de se reinventar, seja pela migração para o digital, seja por agregar imagens ao áudio. Eis aí um
forte ponto de discórdia, expresso pelo publicitário Sérgio Cunha, que conheci
como diretor comercial da então RBS Rádios. Hoje atuando em São Paulo, Cunha entende
que valorizar as transmissões radiofônicas com imagem “depositando o tráfego da
audiência no computador é de uma miopia estrondosa, ou tu achas que todo o
mundo fica na telinha acompanhando o que o rádio faz. Ele agrega, mas o áudio
ainda é soberano”. E completa sua
indignação:
- É que os comunicadores
gostam do novo modelo e “ofendem” a audiência ao não saber administrar o valor
do meio, dizendo “agora a imagem mostra que...”. E quem está só no rádio, lambe
os dedos?
Como o que interessa é o
contraditório para a retomada do tema reinvenção do rádio, segue mais uma
posição nessa linha. No caso, de outro indignado, o que para mim que tenho
convivido com ele mais frequentemente não chega a ser novidade. Trata-se do meu
parceiro literário, facebuquiano e vizinho de coluna, o publicitário e escritor
Marino Boeira. Qual um Dom Quixote
redivivo, o bom Marino investe, quase enfurecido, contra o rádio via web. “Quer
dizer que não dá mais para torcer pelo Inter e secar o Grêmio, na Guaíba e
Gaúcha, ouvindo o Ranzolin, o Pedro Pereira
ou o Mendes Ribeiro? E estes tais podcasts, precisava ter nome inglês?” Assumindo de vez sua porção vintage, ele relembra
tempos sombrios.
- Aquele radinho de
pilha, em que o presidente secava o Inter e torcia pelo Grêmio, morreu com a
ditadura do Medici? Li no jornal (jornal ainda tem, Flávio?) que não é
permitido mais entrar com radinho nos estádios porque pode virar uma arma
contra juiz ladrão.
Outro polemista das
minhas relações, o renomado repórter político Gustavo Motta contesta e última
afirmativa do Marino e faz uma revelação própria de um ativo torcedor de
futebol:
- Que ninguém me leia,
nos estádios prefiro o velho e bom radinho de pilha. É mais barato jogar no
campo em sinal de protesto do que um celular.
(O arremesso do Gustavo
por certo será em jogo do nosso cambaleante Grêmio.)
Pronto, misturaram
futebol, preferência clubística, política e outros quetais e temos aí mais
assuntos para novas polêmicas. Haja colunas.
*Nariz-de-cera, jargão jornalístico
para introdução vaga, sem necessidade, de uma matéria. Famosa “encheção de
linguiça”.
.
Nenhum comentário:
Postar um comentário