segunda-feira, 13 de novembro de 2023

As polêmicas dos hinos

 * Publicado nesta data em coletiva.net

O que está havendo com nossos mais reverenciados hinos, que viralizam nas redes sociais não como celebrações, mas pelo envolvimento em falhas e controvérsias? O mais recente episódio envolveu a cantora Ludmila que, aparentemente, esqueceu parte da letra do Hino Nacional na abertura do GP de Fórmula 1, em Interlagos. Ludmila alega que a falha foi do sistema de som do autódromo, versão difícil de acreditar por se tratar de uma competição que reúne  equipamentos de alta tecnologia como a   Fórmula 1, sem contar que em eventos  dessa grandeza tudo é testado antecipadamente. Não faltou quem visse na falha o descaso de uma ativista de esquerda com um símbolo pátrio. Problema técnico ou esquecimento, a pop star se recuperou no Prêmio Multishow, interpretando lindamente, à capela, o Hino Nacional e, dessa vez, na íntegra.

Se serve de consolo, a talentosa cantora não foi a primeira intérprete a ter problemas com o nosso hino. Em 2009, na Assembleia Legislativa de São Paulo, Vanusa  errou a letra e culpou o remédio para a labirintite que tomou antes do evento. No mesmo ano, Fafá de Belém, musa musical do movimento Diretas Já, também errou a letra durante show em Mato Grosso. “Acontece muitas vezes”, foi a justificativa.  Em 2004, no Brazilian Day em Nova Iorque, Carlinhos Brown precisou pedir duas vezes ajuda do público para lembrar a letra do hino. Já o ex-presidente Jair Bolsonaro em uma cerimônia teria trocado “margens plácidas” por “margens flácidas”, falha perdoável para quem não é cantor, mas imperdoável para um ex-militar e presidente da República.

Mais precavida, Maria Betânia levou uma cola com a letra do Hino ao cantar na posse do ministro Luís Roberto Barroso na presidência do STF. Outro previdente, Luan Santana contou com a ajuda de um discreto fone de ouvido para não errar a letra do hino  na abertura da Fórmula Indy, só que a interpretação deixou a desejar, o que pode levar a conclusão de que o Hino Nacional e as competições automobilísticas são incompatíveis.

A controvérsia surgida em relação ao Hino Nacional diz respeito à semelhança de acordes da música composta por Francisco Manuel da Silva, em 1822, com  trecho da ópera Don Sanche, de Franz Liszt, apresentada pela primeira vez em 1818. Ao ouvir a reprodução da ópera quase me perfilei reverente, como se fosse o hino brasileiro, tal a semelhança entre as duas obras.

Essa não foi a primeira revelação de que a música do Hino Nacional teve “inspiração” em outra composição. A música de Francisco Manuel da Silva seria parecida demais com trechos da obra do padre José Maurício Nunes Garcia, um dos maiores compositores clássicos do Brasil, com quem o autor do hino estudou e, provavelmente, buscou referências.

Já o Hino Riograndense padece de rejeição de parte da população. Representantes do chamado campo político da esquerda e do movimento negro se recusam a cantar o hino por causa da frase “Povo que não tem virtude acaba por ser escravo”. Mas isso é assunto para outra coluna.

 

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