Um
novo contato com a Márcia Christofoli confirmou-se, como já havia denunciado em
artigo anterior, como uma cobrança impositiva: “Olha aqui, é a Márcia, tô te ligando pra comunicar que a partir de agora contamos com tua participação
semanal às segundas-feiras no Coletiva. Não aceito recusas. Quando vais mandar
a primeira coluna?”
Não
foi bem assim, mas não me tirem a possibilidade de dar dramaticidade ao contato. E claro que ela foi propositiva, convincente, sem pausa sequer para um respiro.
E
aqui estou, com um duplo, talvez triplo, desafio: substituir o Ernani Ssó, sem
ter a erudição e o talento dele, dividir as segundas-feiras com a mestra Cris de Luca e escrever um texto minimamente
atraente no dia internacional do azedume . Peço licença aos outros colunistas –
Marino, Fraga, Roger, Paiva, Marcia, Grazielle, Elis, José Antonio, assim,
já afetando intimidade - , que honram
este espaço nos dias menos rabugentos e
vou me achegando. Sou de paz, normalmente
bem humorado e só as vezes ligeiramente provocativo.
Gostaria
mesmo de ser inspirado como a Fernanda
Yuong e o maridão Alexandre Machado que, entre outros sucessos televisivos, fizeram da segunda-feira um divertido personagem no seriado Odeio Segundas, exibido no GNT entre 2015 e 2016.
A própria Fernanda interpretava a Segunda-feira, costurando com sua
narração a trama situada em um ambiente corporativo. Marisa Orth liderava o elenco e cada episódio
se passava - é obvio - em uma segunda-feira, dia em que – é claro - coisas atípicas ocorrem, causando – por certo - mal entendidos e confusões no escritório, afinal é
Segunda-feira, com direito a caixa alta inicial neste caso.
Só que durou pouco o divertimento e o seriado foi descontinuado. A Segunda-feira
não se permite. Patinho feio dos dias,
dia da consciência pesada pelas esbornias do fim de semana, dia mundial do início das dietas mal
sucedidas, da milésima tentativa de parar
de fumar, de vencer a preguiça e voltar à academia, de retomar aqueles
projetos sempre adiados, enfim, dia do
recomeço, que é sempre tão penoso. É o dia consagrado à
lua, por isso o monday inglês, o lunes
espanhol ou o lunedi italiano. Aqui preferimos a versão do latim litúrgico e sua secunda feria, o quê, ainda assim, não compensa
a reverencia ao menos expressivo dos
astros, um reles satélite, na comparação
com o sol do domingo e os grandes
planetas que batizam os gloriosos outros
dias da semana. A Sexta-feira, por exemplo, é um exibimento só com essa mania
de “Sextou!”. Ninguém proclama “Segundou!”.
Assim
é difícil ser feliz, mas eu vou tentar. Com muitas histórias da mesa ao lado,
crônicas do cotidiano e da nostalgia, e
minhas versões sobre os fatos, observador dos cenários que sou.
Aceito
críticas, mas prefiro elogios, ainda mais nas segundas-feiras.
Só não me deixem só.
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