Os cães são o inimigo número um dos amantes. A afirmativa não é
gratuita. Os holandeses, sempre muito avançados nas questões dos costumes, já
sacaram que os simpáticos dogs e a prática sexual são incompatíveis, tanto assim
que liberaram uma praça de Amsterdã para encontros amorosos completos, ao mesmo
tempo que em proibiram a circulação de cães pelo local.
Será que não é má vontade com os aparentemente inocentes animaizinhos?
Os holandeses podem ter lá suas razões que não devem ser muito diferentes das
que colhi em vários depoimentos de vítimas de nefasta interferência canina nas
suas relações. Todos reclamam que, nos tempos que correm, número
expressivo das mulheres disponíveis, solteiras ou descasadas, já
estão emocionalmente envolvidas. Cães e gatos passaram a ocupar lugar de
destaque em seus corações e mentes, o que explica a disseminação e a
prosperidade do comércio dedicado a produtos para pets. Algumas moças e senhoras,
inclusive, tem o hábito pouco saudável de permitir que seus animais domésticos durmam na mesma cama,
impregnando-a de pelos e odores. O mesmo leito que depois será compartilhado
para práticas mais saudáveis. Um conhecido conta que, submetido a uma situação
assim, dava um jeito de só transar na banheira. Outro preferia o sofá, até se
dar conta de que o móvel também era hospedaria de cães e gatos. Mas aí já era
tarde e depois de um constrangedor acesso de espirros na hora H, decidiu
romper com a namorada. Desde então dedicou-se a conquistar mulheres sem animais
de estimação.
Mesmo com o excesso de pelos, os gatos não devem ser motivo de
preocupação porque eles não se fixam tanto nas pessoas e sim no
habitat, portanto não veem o amante de sua dona como um rival, a disputar
espaço e atenções. Com os cães é diferente. Cães são obsessivos, ciumentos.
Pós-graduado em psicologia de mesa de bar, também observo esse crescente
apego das mulheres aos animais domésticos, adotados como se fossem filhos. Constato ainda a preferencia feminina
para batizar os animais com nomes estrangeiros, talvez para conferir a eles um
status que seus pedigrees não autorizam. Nomes retirados, com frequência, de séries televisivas ou do Netflix,
tipo Greys, Mirror, Gilmore, Hommer, Seinfeld e
barbaridades do gênero. Conheci um casal de cães que atendia por Desperate e Housewives.
E tem cada história! Amigo do blogueiro revela que a maior humilhação
que sofreu foi quando uma parceira trocou um promissor happy hour pela compra
de rações para seus cães. Até hoje ele não se recuperou da desfeita. Outro
amigo conta uma situação que mostra até que ponto a espécie pode ser
ardilosa.. Nos primeiros encontros na morada da amante, o cãozinho de
estimação não o hostilizava, ao contrário, fazia festa e se refestelava com
ele, doce e meigamente. Mas isso ocasionava problemas quando voltava para casa
e o cão da família ficava eletrizado, não largava do pé dele, e ele não sabia
explicar o porquê. Só descobriu mais tarde: a amante, na verdade, tinha uma
cadela e ela - a cadela - estava no cio, fazendo nosso amigo de portador da
química que atiçava o seu cão.
Outro companheiro de confrarias se queixa de um cachorinho voyer, que
conheceu na casa da amante. O danado do bicho ficava a espreita na hora do
rola-rola do casal e demonstrava todo o seu entusiasmo com
o que assistia. O que mais irritava o sujeito era que, assim que colocava
os pés nas casa da outra, o cãozinho já subia para o quarto, rabo abanando freneticamente,
para presenciar o espetáculo. Menos mal que era um animalzinho de pequeno porte,
já que o nosso amigo temia que um dia o excitado cão saltasse sobre eles.
Imagina o estrago, se o bicho fosse grande.
Ao expor essas situações só espero não ser execrado pelos adoradores de
pets, nem sofrer retaliações da Felícia e do Godo, os yorkshire aqui de casa.
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