Os representantes federais petistas decidiram trocar seus
nomes parlamentares, incorporando Lula às identidades. Cada um escolheu uma
forma de incluir o nome pelo qual o líder maior do partido ficou conhecido e o
resultado não deixa de ser estranho, caso a caso, como em todas as mudanças
forçadas. Só o senador Paim, prudentemente, se absteve.
A homenagem ao ex-presidente, encarcerado em Curitiba depois de sucessivas condenações e derrotas nas instâncias jurídicas, não
deixa, porém, de ter seus méritos. É
preferível protestar dessa forma do que incentivar o vandalismo e os conflitos,
como os que ocorreram, com maior frequência, a partir da ordem de prisão para
Lula.
Só que não tardou para vir o troco e um deputado do DEM resolveu agregar
Moro ao nome dele e já oficiou a mudança à mesa da Câmara. Se eu fosse o Moro pedia
para suspender a homenagem. O deputado
se chama Sostenes...
Enquanto isso, na Câmara de Porto Alegre um vereador decidiu homenagear a Lava Jato e na
TV Câmara o nome dele já é creditado junto com o título da operação anticorrupção.
E deve vir mais renomeações por
aí.
Na real, a tais homenagem não chegam a ser inéditas.
Nas redes sociais, no Facebook especialmente, volta e meia surgem campanhas, como a que teve grande adesão,
quatro ou cinco anos atrás, com o acréscimo
da tribo Guarani-Kaiowa aos nomes de registro.
Isso porque os Guarani-Kaoiwa estariam ameaçados de genocídio pela
invasão de suas terras e destruição de sua cultura. À época fiz um deboche, postando no FB que preferia o bravo Guarani
de Bagé ao Guarani-Kaiowa. Quase fui linchado digitalmente por minha
demonstração explícita de insensibilidade. Porém, já não se fala mais nas graves ameaças à tribo do Mato Grosso do
Sul que, pelo jeito, sobrevive firme e
forte a todas as investidas, inclusive as que usam em vão o belo nome composto
pela qual é conhecida. Assim, sou tentado a concordar com o editor
Júlio Ribeiro quando afirma que essas
manifestações não passam de um ativismo tão romântico como inócuo.
Porém, o “efeito boiada” funciona nesses casos e basta um ativista postar um card em
defesa de uma causa qualquer que a coisa logo viraliza. O
que me preocupa é que daqui a
pouco possam aparecer gaiatices do tipo
“Somos Gilmar Mendes”, ou “Somos Gleisi”,
embora apareçam perfis como “Time Gleisi Hoffmann” (deve ser o Ibis da política). Imaginem agora uma mobilização em torno de um árbitro de
futebol, criticado depois da atuação em um clássico. Quem se arriscaria a
estampar um “Somos todos Vuaden”? Ué, se
para a Gleisi pode, o Vuaden também merece. Radicalizando, quem duvida de um “Somos
Piffero”, ou de um “Somos Celso Roth”? O
futebol, pelos antagonismos que gera, como na politica, também se presta
a esses posicionamentos. Também não duvido
o surgimento de um “Somos Globo” que seria ferozmente atacado com comentários
de “mídia golpista”.
Prefiro mesmo a opção do amigo Caco Belmonte, que é mais debochado que eu e
que se anuncia como “Caco Ninguém Belmonte”, mas não concordo com o Ninguém. Nessa linha, estou pensando em passar a me assinar como “Flávio da Mesa ao
Lado Dutra”. O que acham?
Olha, não é má vontade nem rabugice da minha parte, mas é que não
acredito na eficácia e desconfio da sinceridade dessas entre aspas homenagens.
Além disso, tem que ter muito desapego
para trocar de identidade por causas tão contestadas.
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