A Casa de Papel
Entre as dezenas de séries disponíveis no Netflix
chama atenção o destaque dado às produções espanholas e ao protagonismo das
mulheres nessas séries. Antes de mais
nada deixem confessar que fico encantado com o espanhol da Espanha, com aquela
fala mais macia, meio língua presa. Por
isso, fico ligado nos diálogos, curto muito a pronuncia e não deixo de observar
os pecados cometidos pelos nossos tradutores.
Mas eu queria mesmo era falar sobre a enxurrada de
séries espanholas na plataforma de streaming, a começar pela elogiadíssima A
Casa de Papel, um roteiro surpreendente, de tirar o fôlego e atuações que
correspondem à repercussão conquistada por essa produção. O título é referência ao espaço onde se
desenrola a trama, a Casa da Moeda da
Espanha, e mais não antecipo dessa que é considerada a melhor série espanhola
de todos os tempos. Vale, porém, destacar o elenco feminino a começar
pela bela Ursula Corberó, no papel de
Tokyo, passando pela jovem Maria Pedraza (a estudante Alisson Parker) e a
madurona Itziar Ituño, que interpreta a inspetora Raquel Murilo.
As protagonistas femininas são destaques também em
pelo menos três outras séries espanholas, entre elas Tempos de Guerra, que
registra – com uma boa reconstituição de época – a verdadeira aventura de enfermeiras voluntárias da elite
de Madri na cidade de Melila, no Marrocos, durante a Guerra dos Rife nos anos
20 do século passado. Conferi metade da primeira temporada e recomendo. Ambientada no mesmo período, As Telefonistas
conta a história de quatro mulheres de diferentes origens contratadas por uma
empresa de telefonia, uma nova realidade que abria espaço de trabalho para as
mulheres. Assisti ao primeiro episódio e confesso que não me entusiasmei. A história
dos espanhóis é marcada por conflitos e
isso está presente na série O Tempo Entre Costuras, que acontece durante
a Guerra Civil Espanhola, narrando
como a jovem costureira Sira Quiroga (Adriana Ugarte) se torna uma
espiã para ajudar seu país. Os primeiros
episódios a que assisti me autorizam a recomendar a série.
Sobre Merli, uma série adolescente (Malhação à
espanhola?) tenho poucas referencias, exceto que gira em torno de um professor
de filosofia do ensino médio que utiliza
métodos poucos convencionais para inspirar seus alunos. Já O Ministério
do Tempo remete inevitavelmente ao seriado O Túnel do Tempo dos anos 1960. Essa
releitura reúne um guerreiro do século 16, uma estudante do século 19 e um
enfermeiro do século 21, que se juntam
em uma agencia secreta para viajar no tempo e evitar mudanças na história. A série
vem precedida de boas recomendações e já me agendei para assistir, assim que
conseguir vencer as temporadas de A Casa de Papel e Tempo de Guerras.
As séries espanholas são uma amostra do investimento
pesado da Netflix na distribuição de produções não americanas, como as inglesas
– ótimas - The Crow e Black Mirror, a
alemã Dark, a dinamarquesa Rita e até as colombianas La Nina e Narcos (coprodução com os EUA),
além do anuncio de que pelo menos cinco seriados da Índia farão parte do
cardápio do sistema. Agora mesmo fico sabendo que a segunda série mais “devorada”
em todo o planeta, seja lá o que isso
significa, é a brasileira 3%, que
apresenta um mundo pós-apocalíptico onde apenas 3% das pessoas são bem sucedidas
e seguem adiante. Confesso meu
desconhecimento sobre a série nacional, assim como a primeira colocada no
ranking da devoração, a American Vandal, sobre a história de um crime em uma escola da Califórnia.
E já
que estou numa fase confessional, devo revelar que só
inventei este texto para poder me exibir escrevendo “plataforma de estreaming”, mas acabei esquecendo
de incluir spoiler que também gostaria de escrever para parecer moderninho.
Nenhum comentário:
Postar um comentário