Só os muito tolos ou os que sempre acreditam
em movimentos conspiratórios, igualmente tolos, para imaginar que a Rede
Globo estava por trás da já descartada candidatura presidencial de Huck. Nem
é preciso muito exercício mental para concluir que a Globo só tinha a perder
com a candidatura de sua estrela dos sábados à tarde. Se a campanha
prosperasse, em caso de uma provável derrota de Huck, a Globo também seria
derrotada, abalando sua credibilidade cada vez mais contestada.
Em caso de uma não impossível
vitória, a Globo perderia duplamente: perderia um campeão de audiência e
de faturamento, mais a esfuziante Angélica, que certamente deixaria a TV para
acompanhar o maridão ao Planalto. Haveria, ainda, um terceiro prejuízo
para a Globo, que seria encarada como fiadora do governo de um inexperiente
Huck, para o bem e para o mal, mas com a pressão permanente e inerente ao mais
alto cargo da nação e por quatro anos! A lição da era Collor foi
aprendida.
Na verdade, quem surgiu como
avalista do apresentador global, ou melhor, quem deu corda para a candidatura
dele nos últimos dia, foi o ex-presidente FHC. Qual seria o propósito
desse apoio velado, uma vez que os tucanos têm outros postulantes de plumagem mais alta, como o experiente Alckmin? Sou tentado a me aliar à tese que li
numa das colunas políticas do centro do País, cuja autoria me escapa.
Seria o seguinte: FHC, enciumado, quer competir com Lula na indicação de um
“poste” com viabilidade eleitoral, para mostrar que ainda tem tanto prestígio
como o petista.
FHC sonharia também em construir um
Macron tupiniquim, sem levar em conta que o jovem presidente francês (40
anos) já militava no Partido Socialista desde 2006, foi secretário-geral da
presidência da República e ministro da Economia antes de se candidatar ao
cargo, além da vasta experiência como banqueiro e da formação, com mestrado, em
Politicas Públicas. Ou seja, encarna o novo, mas não é neófito, enquanto Huck
se especializava em reformar carros e casas nos quadros mais populares de seu
programa televisivo. A única vantagem do brasileiro sobre o francês é que
Angélica é bem mais jovem e bonita do que a primeira-dama francesa,
Brigitte Marie-Claude Macron, 24 anos mais velha que o marido.
Quanto a sua participação no processo eleitoral, a Globo
vai aguardar o resultado do pleito e os acenos amistosos do vencedor...
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