-Vem cá, deixa eu te dar um abraço.
Quem pede é o Vitor Hugo, tri secretário estadual (Cultura, Turismo e Esporte), que encontrara no subsolo da agencia central Banrisul, tratando, como eu, de burocracias bancárias.
- Ué, pra quê tanto abraço ? - indago.
- Porque sou a primeira pessoa a testemunhar que tu realmente está vivo.
Vitor Hugo fazia referência ao motivo que me levara ao banco : fazer prova de vida, convocado que sou, todos os anos, pela Previdência Social, sob pena de deixar de receber os magros proventos da aposentadoria. O bom tri secretário, amigo de longa data, parceiro de outras jornadas e recente prefaciador do livro DezMiolados, cometeu, porém, um equívoco, já que a primeira testemunha de que eu sou eu mesmo - e bem vivinho - foi a gerente de conta.
Nesse caso, a burocracia que nos exige prova de vida, certamente para combater fraudes, revelou-se uma dádiva para este que vos fala. Antes, meu gerente de conta era um rapaz simpático, agora é uma moça simpática e muito bonita.
Fico até com vontade de fazer prova de vida todas as semanas, ou até que ela descubra que sou um despossuído financeiramente e me remeta para a vala comum dos outros correntistas. Seria muita chinelagem dessa interesseira.
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