*Publicação nesta data em coletiva.net
Como sofrem os vaidosos
longe dos holofotes. Tenho feito essa constatação cada vez a que assisto as
muitas participações de Galvão Bueno em programas da Globo, ou entrevistas do
ex-ministro do STF Marco Aurélio Melo, só para citar dois exemplos. Parece que precisam recuperar o tempo perdido
e viram verborrágicos, opiniáticos e plenos de recordações de feitos em que
foram protagonistas. Sem a necessidades de se policiarem, fazem revelações até
então zelosamente guardadas em sigilo e não poupam os desafetos. Agora o Galvão,
que devia estar sofrendo pra caramba, anuncia que terá um quadro tipo “tem
gente que vai chorar” na programação de sábados pela manhã na Globo. Não me
surpreenderei se a próxima etapa for a participação dele no BBB.
Fico imaginando também aqueles
personagens da política que tiveram grande exposição midiática e, de repente,
somem do noticiário porque perderam poder e suas opiniões não interessam mais.
Assim, de pronto, lembro do ex-presidente da Câmara Federal, Rodrigo Maia, apelidado jocosamente de Nhonho
(personagem da série Chaves) e aquele senador do Paraná que ficou com a cara do
Coringa dos filmes do Batman, ambos presenças constantes no Jornal Nacional
tempos atrás. Onde andam esses ex-notáveis?
Nem vou registrar os
ministros de Estado que deitaram falação em tempos idos ou recentes. É tanta troca que fica difícil
nomear todos os casos, mesmo os mais folclóricos como o Weintraub e a Damares,
que ganhou uma sobrevida da visibilidade no Senado. Alguns foram para o limbo,
prontos para retornar ao primeiro clamado do poderoso de plantão. Outros, a maioria, vive o inferno do esquecimento.
Tem também os casos dos que eventualmente ressurgem na mídia pelas operações da
PF, mas isso merece outra abordagem. Imortal mesmo só a Marta Suplicy, que para se
manter na onda, troca tanto de partido como de marido.
No meio artístico isso é
mais terrível ainda. O pessoal vive da sua exposição, que alimenta seus egos e
seus ganhos. O que seria da Ivete
Sangalo sem a permanente presença na programação da Globo? Certamente abriria
uma bem sucedida banca de acarajés no Pelourinho. Idem o Padre Fábio de Melo,
que precisaria voltar a uma paróquia, reaprender a rezar missa e ministrar
sacramentos. As figurinhas carimbadas tem prazo de validade, porque logo surgem
novos aspirantes ao estrelado e à voracidade da mídia. Os brothers e sisters dos BBBs que o digam.
Já os artistas da
teledramaturgia, especialmente no naipe feminino, sofrem cruelmente com a
passagem do tempo: a então mocinha da novela, mais adiante vira mãe de outras
mocinhas e logo em seguida tem que se contentar com papéis de vovozinha amorosa
ou perversa. É preciso muito talento para
suportar essas inevitáveis adversidades na carreira, mas pelo menos não perdem
a exposição na telinha. Mas pra quem não fez o pé de meia, a etapa seguinte é o
Retiro dos Artistas e o ostracismo.
A essa altura vocês
imaginam que fico agourando tanto os famosos como as subcelebridades, que sou
um invejoso da fama alheia. Nada disso. No máximo, sou um rabugento do bem, aquele
que apenas sugere aos produtores e editores da mídia para diversificarem suas
atrações nos programas e noticiários. Os
mesmos de sempre vão aguentar ficar longe dos holofotes um pouco mais.
(E continuo sem saber
porque a goiaba é associada a caduquices em geral, assunto da coluna da semana
passada)
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