* Publicado nesta data em coletiva.net
O quê foi responsável pela
“morte” da TV, do rádio, do computador, da câmera fotográfica? O quê acabou com
o jornal, a revista e os livros? O quê substituiu a lanterna, o espelho, o
calendário de mesa? O quê aposentou a carteira, o cartão do banco e o
videogame? Copiei os questionamentos de
um vídeo que viralizou no Whats e que segue na dramatização dos efeitos deste
que seria o inimigo público número 1, com
mais perguntas: o quê terminou com muitos casamentos e junto terminou com
muitas famílias e aos poucos está prejudicando nossos olhos, nossa coluna cervical,
nossa saúde mental e tentando acabar com a próxima geração? Pela introdução já
deu pra perceber que estamos falando do telefone celular, com suas múltiplas
aplicações, aqui apresentadas em suas consequências negativas, sem falar na invasividade
e no quanto serve para a aplicação de golpes nos incautos.
Lembro que na Copa de
1994 nos EUA, o repórter da Rádio Record na sede de Dallas exibia orgulhoso um celular,
de primeiríssima geração para a época, explicando que aquele aparelho era de
uso pessoal de ninguém menos do que o
bispo Edir Macedo, o todo poderoso da Igreja
Universal e da Rede Record. A telefonia móvel recém engatinhava e os pesados
equipamentos eram uma preciosidade. Quatro anos depois participei em Las Vegas
da NAB Show (evento da National Association of Broadcasters), a principal feira
de produtos e serviços para a radiodifusão. O tema-conceito do evento era
Convergência Digital, prenunciando que toda a parafernália de equipamentos e
processos eletrônicos migraria para um único sistema. Na ocasião, minha
formação analógica custou a entender que esse sistema seria conectado ao
telefone celular, que até então disponibilizava apenas duas ou três funções.
Passadas quase três
décadas desde o empréstimo do telefone do bispo Macedo ao repórter, eis que o
celular assume um protagonismo jamais imaginado em nossas vidas. Um diabólico protagonista, a cancelar tudo aquilo
que fazia parte do nosso cotidiano e ainda ameaçando nossa saúde e o nosso
futuro? Na real, um protagonismo em expansão, que garante aos brasileiros lugar
no podium dos que mais gastam seu tempo diariamente manuseando o celular: 9
horas e 32 minutos por dia. Perdemos apenas para a África do Sul, com média de
9 horas e 38 minutos, enquanto a média mundial fica em 6,378. Dados de 2021,
revelam que os
brasileiros gastaram mais de 193 bilhões de horas em frente
ao celular, conforme pesquisa do site
Eletronics Hub.
Os
números indicam que é mais do que tempo
gasto, virou dependência. O distúrbio tem até nome: Nomofobia, palavra derivada da expressão inglesa "no
mobile phone phobia". Os principais sintomas deste apego
psicológico ao smartphone são medo de ficar incomunicável, ansiedade, tremores
e taquicardia.
Ao pesquisar sobre
este tema da hora cheguei à conclusão de que devo ser um Nomofóbico. Não me
afligem tremores nem taquicardia, aí já é um exagero, mas tenho a sensação
permanente que se não atender logo o telefone estou perdendo algo urgente, uma
mensagem que exige pronta resposta, alguém que precisa de ajuda está clamando
por mim. Em compensação, já consegui me livrar das consultas ao celular no
carro, limitei a apenas uma vez nas refeições e desisti de olhar durante o
banho. Assim, pelo menos por enquanto, não preciso aderir aos NA, Namofóbicos Anônimos.
Agora me dão licença porque
já estou há cinco minutos sem consultar o celular. Preciso urgentemente
verificar minhas mensagens.
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