O eterno pais do futuro
transformou-se na pátria do
cinismo. Um cinismo escrachado praticado
em todos os níveis, contaminando a sociedade, se bem que os piores exemplos vem
de cima, de um bando de canastrões que infestam a vida brasileira. Um cinismo desavergonhado, explicito, com
justificativas de corar gigolô a cada
denuncia publicizada.
A JBS seguramente vai para o pódio do cinismo. Responsável pelo
maior escândalo de corrupção jamais visto no Pais, a empresa dos Batistas pretendia contratar o ex-procurador
federal Marcelllo Miller, então braço direito de Rodrigo Janot, para uma
diretoria anticorrupção que seria criada. Vale o mesmo para Aldemir Bendine que
assumiu a Petrobras com a missão de
recuperar a estatal, deu declarações incisivas contra o esquema de corrupção na
empresa, tipo “A gente está com
sentimento, diríamos até de vergonha, por tudo isso que a gente vivenciou. Eu
faço um pedido de desculpa em nome dos empregados...”. No entanto, no mesmo período, Bendine mordia
uma propina de pelo menos R$ 3 milhões da Odebrecht, isso enquanto as
investigações da Lava Jato já estavam bem adiantadas.
Mas o lugar mais alto do pódio do cinismo é do Geddel, que emalocou R$
51 milhões no apartamento de um amigo em Salvador, grana certamente originária
de grossa corrupção. A PF levou 14 horas para contar toda a dinheirama. Geddel,
convém lembrar, frequenta os noticiários sobre corrupção desde o episódio que
ficou conhecido como a Máfia dos Anões do Orçamento. Isso não foi impedimento para que ocupasse altos
cargos nos governos FHC, Lula, Dilma e Temer. Pois esse sujeito teve a cara de
pau de participar dos movimentos que resultaram na queda de Dilma, justificando
que saia às ruas porque “ninguém aguenta mais tanto roubo”, criticando o
“assalto aos cofres públicos”, além de detonar como “incompetente” o governo do
qual havia participado e que permitiu que exercitasse na CEF sua já consagrada vocação para a corrupção.
Esses corruptos e corruptores
certamente desconhecem que cinismo, na origem histórica, era uma
doutrina filosófica grega, que prescrevia a felicidade de uma vida simples.
Eles optaram pela corruptela do cinismo, nascida no século 19, cujo significado já está explícito no próprio substantivo: aquilo
capaz de corromper (alterar, perverter, adulterar, falsificar ou subornar) algo
ou alguém; desfaçatez, descaramento. Tudo a ver com os exemplos citados. E olha
que nem falei dos extraclasse Lula e Temer.
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