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sexta-feira, 25 de junho de 2010

A Holanda vem aí



Holanda 1974, a Laranja Mecânica e Holanda 2010, perigo à vista


Pelo que tenho visto desta Copa, só temo a Holanda. Desde 1974, quando Cruyff comandou a Laranja Mecânica, os holandeses vem apresentando altos e baixos em copas do mundo. Foram vices em 74 e 78 (perdendo o título para os anfitriões), não se classificaram em 82, 86 e 2002, foram eliminadas em fases iniciais em 90, 94 e 2006.

Em 94, convém recordar, a Holanda foi eliminada pelo Brasil nas quartas-de-final, num jogo duríssimo em Dallas, em que o juiz acabou dando uma mãozinha para o time do Parreira ao não marcar um pênalti – pra mim muito claro – para o adversário. Quatro anos depois, na França, enfrentamos novamente os holandeses num jogo dramático pelas semifinais: empate em 1 x 1 no tempo normal e vitória brasileira nos pênaltis, graças a duas defesas de Taffarel.

Lembro bem que depois do jogo de 94 assisti no centro de Dallas à movimentação dos torcedores holandeses, inconfundíveis com seus trajes e perucas laranjas, felizes da vida e confraternizando com brasileiros e brasileiras, apesar da derrota. A noitada foi de muita cerveja e cantoria, mas não registrei nenhuma confusão. Fiquei encantado com o comportamento dos holandeses e mais ainda com suas torcedoras, as mais belas daquela Copa.

Estive recentemente em Amsterdan, por breves horas, e pude constatar novamente o espírito festeiro dos holandeses. (Sim, vi as mulheres em oferta nas vitrines e dei uma conferida, a prudente distância, nos estabelecimentos que dispõem de um variado cardápio de canabis sativa, a nossa popular maconha. Mas passei ao largo de uma e de outra tentação. Minha praia não é por aí.)

Voltando ao futebol, observo que o retrospecto da Holanda em copas do mundo indica crescimento e boas colocações após uma fase sucessiva de baixa. Agora a fase parece ser de preocupante alta do futebol holandês, e preocupa mais considerando-se que o time laranja pode ser o adversário do Brasil nas quartas-de-final, se passarmos pelo Chile e eles pela Eslováquia.

Como em 94 e 98, vai ser dureza, mas acredito que passando pela Holanda o caminho ficará asfaltado até a final. Porém, se os deuses do futebol estiverem contra nós, vou me bandear para a torcida da Holanda, só para prestigiar as belas moças vestidas de laranja. Só que continuo levando fé no time do Dunga, apesar do futebol que não chega a entusiasmar. E que, depois, venha a Argentina. Enquanto isso, oremos!

domingo, 20 de junho de 2010

As lições de Invictus


Em boa hora chega às locadora o DVD de Invictus. A Copa na África do Sul coloca em evidência a história narrada com a competência e o talento de Clint Eastwood. Uma rápida sinopse do filme: eleito presidente, Nelson Mandela (Morgan Freeman) tinha consciência que a África do Sul continuava sendo um país racista e economicamente dividido, em decorrência do apartheid. A proximidade da Copa do Mundo de Rúgbi, pela primeira vez realizada no país, fez com que Mandela resolvesse usar o esporte para unir a população. Para tanto chama para uma reunião Francois Pienaar (Matt Damon), capitão da equipe sul-africana, e o incentiva para que a desacreditada seleção nacional seja campeã, o que de fato ocorre.

Invictus é uma ode ao perdão e à reconciliação, mas, sobretudo, à grandeza. A grandeza que se expressa na direção de Eastwood que produziu mais um épico, embora Invictus não seja o seu melhor filme. Grandeza também na interpretação de Morgan Freeman. Só ele poderia interpretar, em todas as suas dimensões, o gigante Mandela. Um Mandela, marcado por 27 anos de cárcere, mas que não hesitou em enfrentar as resistências dos mais próximos para atingir um grande objetivo: unir seu povo por meio do esporte.

Não é a primeira vez que a força do esporte é utilizada como instrumento de coesão social. Mas, diferente da nossa experiência com o "Brasil Prá Frente", ou "Ninguém segura este país", da era Médici, que visava validar uma ditadura, Mandela assumiu claramente o rúgbi como um meio para chegar ao objetivo maior de reconstituir uma nação. A grandeza de uma nação está diretamente vinculada à grandeza de intenções e dos sonhos de seus líderes e essa é a principal lição que fica de Invictus.

Extra filme, algumas constatações. O rúgbi, mistura de futebol e futebol americano, é um jogo muito estranho. É um tal de agarra, agarra chatissimo, sem contar que a bola oval, jogada com as mãos, só pode ser passada para trás. Menos mal que na época retratada pelo filme as detestáveis vuvuzelas ainda não haviam invadido os estádios sul-africanos. Por fim, a reflexão que não quer calar: já pensaram se o Mandela dependesse da seleção do Parreira para unir o povo? Coitada da África do Sul.