*Publicado em Colertiva.net em 13/10/2025
Essa
compulsão pelo politicamente correto me deixa desconcertado, para dizer o
mínimo. A coisa chegou a tal ponto que o politicamente correto atingiu o mundo
animal, via pets. Por exemplo, os cães que conhecíamos como vira-latas, os
caramelos errantes, os bandos de sarnosos agora são chamados de “cães
comunitários”.
Fico
imaginando se os cães, promovidos à nova condição, não estão latindo de forma
diferente, com menos estridência e mais sociabilidade. Os carteiros,
entregadores de pizzas e do gás, certamente agradeceriam. Mais ainda, se
pudessem se expressar, os mais exibidos exigiram ser chamados de Pet
Comunitário ou até mesmo Dog Community e se fossem adotados não aceitaram ter
donos, mas tutores, que é a designação modernosa para o provedor. Parece que a
Disney até está pensando em trocar o título daquele desenho clássico para A
Dama e o Cão Comunitário.
Brincadeiras
e exageros à parte, nem tenho certeza de que chamar de cão comunitário
caracteriza como politicamente correto. Vale esclarecer, porém, que o
politicamente correto não nasceu ontem, só que agora está mais presente nas
relações cotidianas. E tem quem ache que apenas mudando o nome das coisas, está
feito o enquadramento e as relações se enobrecem. Afrodescendente e povos
originários me parecem exemplos notórios e tenho até medo de fazer referência
aos termos usados até então para não ser taxado de politicamente incorreto,
rotulado de fascista e alvo de cancelamentos.
Nessa
linha, o politicamente incorreto aparece com outras designações, outras formas
de agir, como bullying e preconceito, atitudes reprováveis, com ou sem rótulos.
Que os transgressores sejam
responsabilizados e recebam os rigores da legislação, mas me poupem dos
excessos na intepretação do que é do que não é, da chatice dos que policiam o
comportamento alheio e fora com as hipocrisias de quem nos grupos de Whats faz
todo o tipo de piadas inconvenientes e nas redes públicas posa de soberano do
politicamente correto.
E deixem
os vira-latas, sem outras titulações. zanzarem livremente pelas comunidades;
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