segunda-feira, 27 de outubro de 2025

A plateia dos impertinentes

 Publicado originalmente em  6/11/2023

Venho sendo torturado em eventos por discursos longos,  palestrantes chatos e plateias impertinentes. Dos discursos longos, livrai-me ; dos palestrantes, mesmo os chatos , tenho confessada inveja por não estar no lugar deles, desfilando minha sapiência  em defesa de uma tese qualquer; dos participantes impertinentes, prefiro distância porque não tenho mais paciência para certos procedimentos. Sou um autêntico idiota da objetividade, como diria Nelson Rodrigues, por isso minha tolerância à enrolação é baixíssima. Por enquanto, vou me deter sobre os tipos que pululam nas plateias das conferências e palestras  e me fazem revirar inquieto no assento e maldizer a presença ali.

Começo pelo Autobiográfico, aquele que, antes de fazer a pergunta, conta uma história sem nenhuma importância em que ele é protagonista e tem atuação decisiva. A história deveria fazer conexão com a pergunta, normalmente uma obviedade qualquer. Sua palavra preferida é “Eu”.

O Autobiográfico é muito parecido com o Exibido, que levanta uma tese, que só ele acha relevante, para sustentar uma pergunta tão rasa que pode ser respondida com Sim ou Não. Sua expressão preferida é “na minha opinião”. Com frequência, ele nem faz questionamentos, apenas se pavoneia para terminar com um “era isso, obrigado”, esperando aplausos, que são escassos ou não vem.

Dias atrás, participando de importante evento, tive minha atenção desviada do conteúdo da palestra por um tipo estreante, pelo menos para mim: o Repetidor. A cada frase do palestrante, ele ecoava a parte final. Não satisfeito, pontuava todas as assertivas com um comentário, de aprovação ou contrariedade, como se estivesse a dialogar com o conferencista. Fiquei tão atucanado com o Repetidor que aí mesmo é que não prestei atenção nas recomendações da palestra sobre um tema da hora, que me interessava muito.

Esse tipo fagueiro se confunde, às vezes, com o Contestador que, munido de dados e argumentos que destoam da essência da exposição, faz uma pergunta que vai permitir a apresentação do seu showzinho de conhecimentos, com réplicas e tréplicas, constrangendo o palestrante. Fico com  vergonha alheia do sujeito, que tem explicação para o seu procedimento:  “Sou pelo contraditório”, no caso dele, sem limites.

O Breve #sqn  é aquele que promete “ser sintético” e emenda, no que seria a pergunta, um palavrório  de não menos de cinco minutos, que será sempre maior, muito maior, que a resposta. Lembro que em um congresso em que participava, o palestrante, um conceituado acadêmico, encerrou o assunto, respondendo “Você tem toda a razão”.  Detalhe é que o Breve #sqn se considerou elogiado e ficou todo faceiro por ter “toda a razão”.

Tem ainda o Cerimonioso que se dirige ao “ilustre palestrante, de notório saber”; o Intelectual, também conhecido como Opiniático, prenhe de teses e citações antes de fazer pergunta; o Burraldo, que não entendeu nada da exposição, mas, mesmo assim, arrisca uma participação que provoca olhares penalizados do resto da plateia;  e o Engraçadinho, que tenta arrancar risos da assistência com uma história jocosa, nem sempre consegue, mas não perde a pose.

A fauna dos inquisidores impertinentes é bem maior que os exemplares aqui citados, todos em busca de notoriedade, por curta que seja, indo ao encontro do grupo humano que mais cresce entre nós: os Sem Noção.

 

domingo, 26 de outubro de 2025

REFLEXÕES LIGEIRAS E MALEDICENTES DOMINICAIS

1. Preparem-se: vamos tomar um fartão de Criança Esperança nos próximos dias.

1.1. Consta que em breve será lançado o Inter Esperança!

2. Cada vez que me deparo com uma foto de formatura da Comunicação, lembro aquela música do Lupicínio: "Esses moços, pobres moços/ Ah, se soubessem o que eu sei"...

3. Modernidade: agora tudo é consequência da IA.

3.1. É a virose do momento.

4. Pra quem gosta de eleição, a disputa pela presidência do Grêmio vai ser um prato cheio.

4.1. Já os colorados vão ter que aguentar a atual direção por pelo menos mais um ano.

4.2. Haja coração!

5. Ouvido na mesa ao lado: "As academias e o silicone trouxeram grandes benefícios para os calipígios femininos"

6. Ouvido na mesa ao lado, com testemunhas: "`Pra que investir em camisolas se ultimamente tenho dormido sozinha?!"

7. Ouvido na Mesa ao Lado, cheia de mulheres: "Não come esse doce porque se não tuas roupas vão encolher".

8. Certas atrizes devem odiar essas reprises das novelas: elas eram tão mais caldáveis. antes!

9. Ditado reciclado: Tudo vale a pena quando a grana não é pequena.

10. Se o Var fosse um time em que posição estaria na tabela?

11. Campeonato a parte: parece que a disputa dos clubes no Campeonato Brasileiro não é pelos pontos, mas pra ver quem usa as camisetas mais exóticas.

12. Desempenho da dupla grenal  é um eletrocardiograma. Resultado: torcedor bipolar!

13. Está chegando a hora em que a matemática entra em campo no Campeonato Brasileiro.

14. MercadoPago, Bradesco, Livelo, não adianta mandarem avisos porque não tenho não tenho milhas a recuperar nem fiz compras ultimamente.

14.1. Tentem outro golpe.

15. Da postagem alheia: “Me chama de sexta-feira e diz que ficou a semana inteira esperando por mim!”

15.1. Uau!

16. 1Saudade do horário de verão!

17. Agora estou só pela Feira do Livro.

 

segunda-feira, 20 de outubro de 2025

Eu matei Odete Roitman

*Publicado nesta data em Coletiva.net

Já gostei mais de novelas, mas agora prefiro as séries e os filmes dos streamings no horário  dos dramalhões. Tem séries  para todos os gostos e como  paciência não é o meu forte para acompanhar as de duas ou mais temporadas, prefiro as minisséries, aquelas de maratonar numa tarde. Dos filmes, assisto até aos indianos e filipinos para me livrar da novela.  Vale também o mesmo critério da impaciência para duração da trama televisiva,  além dos argumentos repetitivos, os núcleos que precisam contemplar, em nome da inclusão, todas os segmentos identitários e os elencos renovados, sem empatia com o público.

Entretanto, sou obrigado a reconhecer que a Globo acertou em cheio com o remake de Vale Tudo, tanto assim que se repetiu o fenômeno de  todo o Brasil querer saber quem assassinou a vilã Odete Roitman (Débora Bloch). As mais prementes questões nacionais  e internacionais foram relegadas ao segundo plano diante do mistério criado pelo roteiro.

É bem verdade que a Globo colocou todo o peso da sua liderança e expertise  sobre as tramas da novela, criando expectativas e direcionando situações em variados programas,  de forma a manter sempre em alta o interesse em Vale Tudo. Até os programas esportivos entraram no ritmo do Vale Tudo, com algumas brincadeiras que não chegam a surpreender porque, cada vez mais,  a cobertura esportiva virou entretenimento. O resultado é que os índices de audiência, que é o que interessa porque vão impactar na comercialização dos espaços,  responderam bem aos esforços da Globo. Se não foram índices maravilhosos, pelo menos a novela conseguiu deter a queda de audiência do horário,  o que, aliás, tem  afetado a programação das tvs como um todo em todos os horários. A  audiência no principal mercado, a grande São Paulo, acumulava a média de 23,3 % até  13 de outubro, mas o capítulo de “morte” de Odete Roitman atingiu 31%, o maior índice no horário desde 2023. O interessante é que dados preliminares indicam que a audiência média no capítulo final baixou para 29,17 em São Paulo, contra 39 pontos no Rio.

De minha parte, retomo as premissas do  primeiro ´parágrafo, para confessar que eu matei Odete Roitman.  Foi de forma figurada, é claro,  porque não havia me dignado a assistir a um capítulo sequer da novela,  nem mesmo  o da morte, que virou atentado, da malvada personagem. Só que acabei assistindo ao capítulo final porque fiquei sem acesso ao Netflix. Acho que foi retaliação da Globo pelo meu desinteresse.  De qualquer forma, acompanhei todo o desenvolvimento da trama, bastando para isso ficar atento à profusão de chamadas diárias ao longo da programação.

 Houve um tempo que essas antecipações nas situações eram pecado mortal para quem produzia e para quem era telespectador cativo dos teledramas, que se sentiam enganados por acabarem com as surpresa da trama.  Agora, os distintos telespectadores foram  domados, podem conferir o que que vai acontecer nas chamadas e nas colunas especializadas e nada reclamam porque o que interessa é participar do show, mesmo que passivamente. Essa estratégia não vale, porém, para acabar com o necessário suspense quanto ao desfecho do enredo, como em Vale Tudo, que, avalio eu, virou um anticlímax com a ressurreição de Odete Roitman. A propósito, que capítulo final bem chocho!    Mas é assim que mais um campeão de audiência acontece, mesmo com minha assumida indiferença, diante da total indiferença da Globo com a minha indiferença

Em mais uma tentativa de reverter o cenário morno da audiência, o trunfo da nova novela das 9 é a volta de Aguinaldo Silva, autor do primeiro sucesso de Vale Tudo. Entretanto, prevejo que   a próxima atração vai precisar mais do que três graças para repetir o interesse gerado pela sua antecessora. De minha parte, vou dar uma espiada de vez em quando só para ver a Sofie Charlote.

domingo, 19 de outubro de 2025

Politicamente (In)Correto

*Publicado em Colertiva.net em 13/10/2025

Essa compulsão pelo politicamente correto me deixa desconcertado, para dizer o mínimo. A coisa chegou a tal ponto que o politicamente correto atingiu o mundo animal, via pets. Por exemplo, os cães que conhecíamos como vira-latas, os caramelos errantes, os bandos de sarnosos agora são chamados de “cães comunitários”.

Fico imaginando se os cães, promovidos à nova condição, não estão latindo de forma diferente, com menos estridência e mais sociabilidade. Os carteiros, entregadores de pizzas e do gás, certamente agradeceriam. Mais ainda, se pudessem se expressar, os mais exibidos exigiram ser chamados de Pet Comunitário ou até mesmo Dog Community e se fossem adotados não aceitaram ter donos, mas tutores, que é a designação modernosa para o provedor. Parece que a Disney até está pensando em trocar o título daquele desenho clássico para A Dama e o Cão Comunitário.

Brincadeiras e exageros à parte, nem tenho certeza de que chamar de cão comunitário caracteriza como politicamente correto. Vale esclarecer, porém, que o politicamente correto não nasceu ontem, só que agora está mais presente nas relações cotidianas. E tem quem ache que apenas mudando o nome das coisas, está feito o enquadramento e as relações se enobrecem. Afrodescendente e povos originários me parecem exemplos notórios e tenho até medo de fazer referência aos termos usados até então para não ser taxado de politicamente incorreto, rotulado de fascista e alvo de cancelamentos.

Nessa linha, o politicamente incorreto aparece com outras designações, outras formas de agir, como bullying e preconceito, atitudes reprováveis, com ou sem rótulos.  Que os transgressores sejam responsabilizados e recebam os rigores da legislação, mas me poupem dos excessos na intepretação do que é do que não é, da chatice dos que policiam o comportamento alheio e fora com as hipocrisias de quem nos grupos de Whats faz todo o tipo de piadas inconvenientes e nas redes públicas posa de soberano do politicamente correto.

E deixem os vira-latas, sem outras titulações. zanzarem livremente pelas comunidades;

 

quinta-feira, 9 de outubro de 2025

REFLEXÕES PRÉ-FERIADO DOMINICAL

1. Vem aí o Dia da Criança e olhando essas lindas fotinhos de pessoas quando pequenas fico me perguntando como algumas se transformaram em autênticas tribufus...

1.1. O tempo é cruel com certas pessoas.

1.2. Já eu evito colocar minhas fotos de criança porque na maioria apareço peladinho.

2. Ouvido no bastidor político: “Sou contra as pesquisas eleitorais, exceto as que me favorecem”

3. Ouvido no bastidor politico 2: As pesquisas detectam as tendências, mas não detectam a velocidade das mudanças”.

4. E o Trump, hein! Candidato ao Nobel da Paz?

4.1. Acho que para ele deveria ser criada uma categoria especial: Nobel da Paz com Ameaças!

5. Pérolas de Max Nunes:

- "O difícil de confundir alhos com bugalhos é que ninguém sabe o que são bugalhos."

- "Há certas coisas na vida que a gente não pode deixar passar. Principalmente se for goleiro."

- “Com quantas mentiras se faz um desmentido?"

6. Os mimos que eu esperava no Dia do Idoso acho que virão no Dia da Criança.

7. Ah, a Primavera: alergia é a alegria dos ácaros...

8. Que chatice essa tal Data Fifa. A gente fica sem poder cornetear nossos times e flautear os adversários.

9. E vem aí o Grenal Literário. Reina grande expectativa.

10. Que IOF, Tarifaço, Trump & Lula, que nada. O Brasil quer mesmo saber quem matou Odete Roitmann.

11. No final das contas, a culpa é da autora da novela.

12. Segue nossa infatigável campanha: Volta Horário de Verão!

domingo, 5 de outubro de 2025

REFLEXÕES LIGEIRAS DOMINICAIS

1.Nada de novo até agora para os gaúchos na rodada do Brasileiro: é perde e ganha e choro contra as arbitragens.

1.1.O problema agora é a Data Fifa, que tem o poder de piorar o que já é ruim.

2. O cúmulo de torcida é vibrar com gol anulado pelo VAR

2.1. Tem decisões das arbitragens de futebol que lembram as pesquisas eleitorais...sempre tem margem de erro.

3. Ditado da hora: Mais incerto que encontro do Trump com Lula.

4.. Falem mal do Trump, mas o Hamas leva a sério dos recados dele. Falta o Netanyahu,

o Putin, o Maduro, o Lula...

5. Das bobagens alheias: “Se você cair, eu estarei lá!” (O Chão)

6. Da série Sou do Tempo...em que barber shop era conhecido por barbeiro ou barbearia.

7. Passou mais um Dia do Idoso e nada de mimos.

8. .Passou também o Dia dos Santos Anjos da Guarda. O meu já foi mais exigido.

9. Pelas amostras de agora, tudo indica que a campanha eleitoral do ano que vem será uma carnificina.

10. Da postagem alheia: “Meu sonho é ver os políticos brigarem pelo povo com a mesma força que o povo briga nas redes sociais”.

10.1. Outra: “É preciso amar as pessoas como se não houvesse eleição”.

11. Sempre que alguém fala “colunista” eu ouço “comunista”. Será paranoia?

12. A propósito, sou só colunista.

13. Saco, vem aí mais um feriado em domingo!

14. Ouvido na Mesa ao Lado: "Só gosta de segunda-feira quem tem amante no trabalho". (By Z. F.)

15. É metanol ou meta em nós, seus falsificadores de m...

16. Alô, Lula: a volta do Horário BRASILEIRO de Verão é também uma questão de soberania.