segunda-feira, 11 de agosto de 2025

Serei eu um exterminador de redações?

*Publicado nesta data em Coletiva.net

Meu bom amigo Marino Boeira, colega de espaços aqui na Coletiva e parceiro num livro varzeano, quando quer implicar comigo escreve que fui copidesque no já extinto Diário de Notícias. Até teria idade e competência para corrigir e adaptar os textos dos repórteres, que era o papel do copidesque, mas a provocação do Marino não corresponde à verdade. Fui apenas estagiário e por 30 dias na Editoria de Polícia do velho Diário, sob a orientação de um jornalista das antigas, o Aldo Gomes.  Isso lá no início dos anos 1970. Até consegui aprender bastante nesse meu primeiro contato com uma redação.

 Nada recebi pelo meu trabalho, a não ser a satisfação pessoal por escrever para um jornal de verdade, que até assinou uma ou outra matéria minha. Fiquei feliz da vida com a experiência, mesmo que o Diário já estivesse na descendente, como todo o grupo dos  Associados, de Assis Chateubriand. Daquela época, lembro que  havia  só um jipão para toda  a reportagem. O veículo me deixava no Palácio da Polícia no início da tarde e, sempre lotado, me apanhava de volta pelas seis, quando não atrasava,  o que era comum. Ao chegar à velha redação na av. São Pedro (o prédio ainda existe) a disputa era pelas listas telefônicas, colocadas nos acentos das cadeiras para ajudar a  aproximar os escribas das velhas máquinas de escrever em mesas de altura que jamais vi em outras redações. E olha que circulei por várias redações em mais de 40 anos de carreira.

Quando faço essa retrospectiva, e não se trata de saudosismo, me dou conta de quantas redações pelas quais passei já deixaram de existir.  Vale esclarecer que os fechamentos não foram por culpa minha, eis que sempre fui um profissional, se não brilhante, pelo menos aplicado e produtivo. Pelo menos é o que acredito.

Assim, passei pela Folha da Tarde como repórter e depois como redator na Editoria de Esportes. Um ótimo ambiente para trabalhar, grandes e qualificados companheiros como Nilson Souza, Claiton Selistre e o saudoso Alberto Blum,  só que o jornal acabou sucumbindo com a crise da Caldas Junior. Antes, já havia antecipado a circulação para o período da manhã, deixou de ser o “Vespertino da Cidade” e passou a disputar o mesmo mercado de seus “irmãos” Folha da Manhã e Correio do Povo.

 Mesmo sendo gremista, fui editor do Jornal do Inter, na Cooperativa dos Jornalistas, por cinco ou seis edições. Nessa fase assumi o lado isentão clubístico.  Foi minha primeira experiência como editor, orientado pelo Elmar Bones, no belo projeto da Coojornal que, infelizmente, teve encerradas as suas atividades. O Vieira da Cunha, o primeiro presidente, tem feito aqui, nas suas colunas de segundas-feiras, uma retrospectiva da trajetória da Coojornal e está devendo um livro a respeito.

Tem mais: a pedido do meu primeiro editor no Esporte da Zero Hora, o Coi Lopes de Almeida, colaborei em quatro ou cinco edições com o Pasquim Sul, que teve vida efêmera.

É inevitável lembrar também da minha passagem pela TVCom, que deixou na orfandade uma legião de fás e que a RBS, por razões que não alcanço, tratou de descontinuar,  além de fazer consultoria para  duas outras emissoras que já não transmitem mais.

Fico pensando, então, se Marino e eu, em diferentes períodos e empregos, não teríamos em comum a sina do  fechamento de locais de trabalho, ele com mais potencial do que eu porque, além de redações, atuou  também em agências de publicidade que deixaram de existir.  Agora ambos compartilhamos espaços aqui na Coletiva. Que sirva de alerta à Márcia e ao Iraguassu. 

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