*Publicado nesta data em Coletiva.net
Mexer com a memória afetiva das pessoas sempre garante
resultados positivos para quem tem presença nas redes sociais ou espaços de
comentários a serem preenchidos com regularidade. Faço essa constatação cada
vez que relaciono alguma situação do passado com um fato do presente, como na coluna
da semana retrasada. Isso sempre favorece a interatividade com os leitores.
Relembrando, citei alguns estabelecimentos comerciais
e produtos muito anunciados nos anos 1960 e 70, em Porto Alegre, como a Casa
Reinaldo,” a maluquinha da Praça do Portão”, os bordões do chá Coscarque (“essa
usa coscarque”, “essa não usa coscarque”) e o anúncio do Run Creosotado nos
bondes, campanhas publicitárias que nunca ganharam prêmios internacionais, mas
ficaram guardadas na memória de quem viveu aquela época. Em comparação,
estabelecendo a relação com o presente., registrei o vexame da agência DM9, uma
das mais importantes do país, tendo que devolver os leões conquistados em
Cannes por falsificações em suas campanhas.
O passado sempre vai levar vantagem sobre o presente
nesses cotejos. O distanciamento histórico cria a memória afetiva, mas não a
isenção sobre o ocorrido e é responsável por frases o tipo “no meu tempo era
muito melhor”, tentas vezes pronunciadas, sem necessidade de comprovação. Mesmo
os acontecimentos negativos são, muitas vezes, minimizados nas lembranças
porque acabam virando folclore.
Na verdade, queria falar das contribuições que recebi
pela coluna nostálgica, mas como jornalista que se preza, não resisti a fazer
uma tese. Por isso, trato de resgatar agora a lembrança recebida sobre a Casa
Catraca e sua chamada: “esses rapazes da Casa Catraca tem cada uma”. A Casa Catraca ainda funciona ali na Azenha,
vendendo bicicletas, peças para os
equipamentos e garantindo assistência técnica para carrinhos de bebê. Outra
contribuição: “Se não encontrar no Armazém Riograndense não precisa procurar”. O Armazém Riograndense só vendia gostosuras de
qualidade, muitos produtos importados e no Natal fazia a alegria da criançada
com o famoso Papai Noel que batia com a varinha no vidro da vitrine. O
estabelecimento na av. Otávio Rocha veio abaixo por inteiro no incêndio das
Lojas Renner, da qual era vizinho, em 1976.
Tinha também a Botinha da Zona, nome sugerido por
moradores e frequentadores da Azenha, onde se localizava a loja, que ostentava
na entrada um par de botinhas de gaita. Ponto de referência no bairro, fechou
as portas em 2019, depois de mais de 100 anos atendendo seu fiel público. Com
esse nome, a Botinha da Zona até dispensava slogans marqueteiros.
Recebi sugestões também sobre as chamadas das emissoras
de rádio em tempos passados, normalmente pronunciadas com voz impostada pelos
locutores, tipo “Noite e dia, a Metrópole irradia”. Mas fica para outra coluna,
porque esta já está com cheiro de naftalina,
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