*Publicado nesta data em coletiva.net
Nos meus tempos de
estudante tinha verdadeiro pavor do dia da sabatina. Deveria ser aos sábados,
de acordo com origem latina do termo- sabbatum
-,. só que os cruéis professores não
ligavam para a tradição e aplicavam a sabatina a seu bel prazer, em qualquer
dia da semana. Aluno apenas
regular que eu era, o anúncio da prova que avaliaria não os meus conhecimentos,
mas o que eu não sabia de determinada matéria, me fazia perder o sono.
Sobrevivi, porém, às sabatinas da escola e às da vida, estas bem mais complexas
e merecedoras de outra análise.
Agora o termo sabatina volta a se apresentar, após a confirmação
de que o presidente Lula já escolheu o atual ministro da Justiça, Flávio Dino,
para a vaga de Rosa Weber no Supremo Tribunal Federal/STF. Trata-se da
indicação de um peso pesado e, no caso, não estou fazendo qualquer relação com
o corpanzil do ministro e, sim, com seu currículo. Formando em Direito, com mestrado em Direito Constitucional,
Dino foi deputado federal e duas vezes
governador do Maranhão. Ele e Luiz Fux,
acreditem, serão os únicos integrantes do STF que já desempenharam a função de
juiz. Dino foi juiz
federal por 12 anos e assumiu cargos ligados à magistratura, como
secretário-geral do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), presidente da
Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe) e assessor da Presidência do
Supremo Tribunal Federal (STF). O futuro integrante do Supremo é, também, o
único entre seus pares com efetiva vinculação partidária, primeiro no PCdoB e agora
no PSB, pelo qual foi eleito senador.
Dino será ouvido no Senado dia 13 e, diferente do
estudante aflito com as sabatinas escolares que eu era, não terá dificuldades de
passar por essa prova. A oposição se prepara, entretanto, para fustigá-lo, com
artilharia pesada, lembrando a omissão de dados vitais no acordo de leniência
da Odebrecht, a presença da Dama do Tráfico no seu ministério, a sonegação de
imagens de câmeras do Palácio da Justiça no episódio de 8 de janeiro e a
ausência, em mais de uma vez, nas audiências para as quais era convocado nas
comissões do Congresso.
Nada disso impedirá que Dino tenha expressiva votação e
sua indicação aprovada, até porque não existem casos de desaprovação pelos
senadores dos escolhidos pelo presidente da República. E, assim ,Lula, além de
dar uma banana nos correligionários que queriam uma mulher, de preferência
negra, na substituição de Rosa Weber, promove no STF o que já é pratica nos
seus governos: o aparelhamento da instituição, com indicados “terrivelmente” próximos,
leais e partidariamente alinhados..
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