quinta-feira, 8 de julho de 2010

Teses e mais teses

A melhor análise sobre a atual Copa do Mundo ouvi, via Rádio Gaúcha, do cineasta José Pedro Goulart. Além de talentoso diretor de comerciais e filmes, Zé Pedro é gremista fanático, o que não contamina suas observações, sempre muito lúcidas, mesmo quando envolvem seu clube do coração. Pois bem, ouvi o Zé Pedro afirmar que a seleção brasileira se germanizou, enquanto a seleção alemã se abrasileirou.

Interpretei a observação a partir da forma de jogar das duas seleções nesta Copa: o Brasil apostando no coletivo, no jogo duro, sem muito espaço para as brilhaturas pessoais, tanto assim que quem apareceu como grande talento individual foi um zagueiro, Lúcio, enquanto os craques Kaká e Robinho ficaram aquém da fama e dos seus potenciais. Já a Alemanha apresentou um futebol leve, bonito de se ver em que despontam individualidades como o centroavante matador Klose e as revelações Muller e Özil.

A explicação para essa aparente contradição pode estar na globalização do futebol, que atingiu dimensões que outros setores da economia ainda buscam. É incalculável o número de jogadores brasileiros atuando em todos os quadrantes do mundo, sendo que os mais qualificados estão no futebol europeu. O Brasil, como potência futebolística, em termos de desenvolvimento econômico ainda não é páreo para os países do Euro, por isso tornou-se um grande fornecedor de craques para os principais clubes europeus e até mesmo para algumas seleções, vide os três brasileiros de Portugal e o afro-brasileiro-alemão Cacau.

O intercâmbio técnico por certo ocorre nos clubes e é inevitável que os brasileiros no exterior passem a assimilar hábitos, esquemas, táticas, métodos e posicionamentos adotados pelos europeus que, por sua vez, com tantos companheiros latinos, acabem adquirindo um certo jeito abrasileirado de jogar. Os resultados da Copa até agora indicam que os europeus e notadamente os alemães, levaram vantagem no troca-troca.

Por falar nisso, considerava a Alemanha favoritíssima para conquistar o título, até a derrota para a seleção de outro país, a Espanha, que recebe muitos craques brasileiros. A Espanha é a queridinha da vez, mas continuo torcendo pela Holanda. Sou o mais novo holandiano desde pequeninho.

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