segunda-feira, 27 de janeiro de 2025

Fernanda Torres e o preço da fama

*Publicado nesta data em Coletiva.net

A mídia se vale com frequência de porta-vozes da sociedade para temas da hora. Recorrem a personalidades que possam defender uma bandeira, de preferência  que esteja sintonizada com a linha editorial do veículo, ou que tenham uma opinião que chame a atenção pelo ineditismo ou mesmo pela ênfase dada à sentença. 

A bola da vez para este papel é de Fernando Torres, colocada no Olimpo do Oráculo graças a premiação no Globo de Ouro pela sua interpretação em Ainda Estou Aqui e agora, mais ainda, pela indicação ao Oscar.  Em comerciais, nas entrevistas ou nas entre aspas da mídia, com ar mais ou menos grave, ela aparece opinando sobre tudo e sobre todos, rivalizando na ocupação de espaços com Gilmar Mendes e o Papa Francisco, com a vantagem que tem mais charme que o opiniático ministro do STF, mas sem a autoridade divinamente concedida ao Sumo Pontífice. 

Também nesse papel, Fernanda é a legítima sucessora de sua mãe, Fernanda Montenegro, que nos brindou com variadas opiniões e diferentes conceitos, quando foi eleita para a Academia Brasileira de Letras e, antes, quando concorreu ao Oscar.  Diga o que disserem, ambas ganharam uma dimensão tal que foram ungidas pelos deuses da verdade, da mesma forma que Caetano e Gil, com suas baianidades e um toque holístico em se tratando de Gil, quando externam suas posições, algumas beirando o banal. 

Só que essa exposição demasiada não chega a ser uma benesse, mas pode ser uma armadilha, um gol contra. Num país de extremismos ideológicos e posições polarizadas, qualquer declaração é interpretada pelos antagonistas como lhes convém. Para ilustrar, vale o exemplo da Fernanda Torres, que durante a pandemia, escreveu num artigo para jornal: “Torço para que o centro ressurja dessa emergência. E que o coronavírus, a exemplo da peste negra na Europa do século 14, venha abreviar o obscurantismo medieval travestido de liberal em que nos metemos”.  A declaração foi interpretada e viralizada nas redes sociais como se Fernanda tivesse dito  não se importar com as vítimas fatais do coronavírus, se com isso o mandato do presidente Jair Bolsonaro fosse abreviado! Vale como ressalva que talvez – olha o cuidado que estou tendo! -  o texto original tenha dado margem, ou cutucado para a falsa interpretação. Ossos do ofício, preço da fama? Pode ser.  

Mas já tem postagem nova e duvidosa envolvendo a atriz, agora defendendo regimes autoritários: “A gente está vivendo um momento diatópico do mundo, né? Um momento apocalítico, de muito medo e acho que quando isso acontece, a ideia de um governo autoritário, como um pai autoritário – que talvez possa por ordem na casa- cresce”.  Fernanda, assim, revelaria que não tem apreço pela democracia, já acusam seus detratores, enquanto até agora não veio desmentido, nem outra versão para a declaração.

A verdade é que nada disso ofusca o brilho das conquistas da atriz, mesmo que as interpretações maliciosas, fakes, equivocadas que sejam, das suas declarações cresçam na medida do sucesso alcançado, mas também da exposição a que é submetida – ou se submete – por se posicionar sobre tudo e sobre todos.


terça-feira, 21 de janeiro de 2025

Um golpe nos golpistas

*Publicado em Coletiva.net em 20/01/2025

Quem sabe o governo federal e o STF aproveitam esse auê todo para enquadrar as redes sociais e controlar as fake news e dão um  jeito de acabar com os golpes pela internet? Se conseguirem diminuir a incidência já ajuda e evita que muita gente seja vítima dos golpistas. Afinal, as mensagens com propostas fraudulentas não deixam de ser fake news, uma inverdade, um logro.

Porém, não se observa nenhum movimento pra valer das autoridades no enfrentamento a esses golpistas e aqui nada a ver com o pessoal do 8/1, a cargo do xerife Alexandre de Moraes. Trata-se do problema que atormenta todos os brasileiros diariamente, causando prejuízos à pessoas físicas e jurídicas.

É incompreensível que, com os recursos tecnológicos disponíveis atualmente, não seja possível identificar e combater os golpes na origem.  Na maioria dos casos, são utilizadas ferramentas e plataformas da comunicação, que são rastreáveis, sem contar que grande número de tentativas partem do confinamento dos presídios.

Dessa forma, as fraudes e golpes continuarão contribuindo para a indústria que mais cresce no Brasil, como já manifestei num desabafo na coluna de 18/11/2024 (https://coletiva.net/colunas/a-industria-que-mais-cresce,447986.jhtml). É que está cada vez mais difícil reconhecer nas mensagens recebidas o que é falso ou verdadeiro. Os contraventores são muito criativos e insistentes e, até por isso, têm ganhos de escala. Diariamente recebo pelo menos cinco ofertas e propostas que são puro logro, ou avisos sobre  mercadorias que não comprei, agora retidas no Correios e para as quais devo pagar uma taxa. E, ainda, contas que serão bloqueadas em bancos onde não tenho cadastro, ou pagamentos atrasados para operadoras de celular e   serviços de streaming e a recorrente ameaça sobre a CNH que será retida. 

Pois, estava eu a esboçar este protesto quando o Jornal Nacional da Rede Globo exibiu na semana passada uma matéria do competente repórter da sucursal de Londres, Rodrigo Carvalho, apresentando vovó  Daisy, que nada mais é do que um personagem criado pela Inteligência Artificial para fazer frente a quem aplica golpes por telefone. Sim, no Reino Unido também tem golpe por telefone. 

A encenação funciona, tanto assim que um golpista não se conteve e mandou um fuck you pra a senhorinha, depois de ser enrolado por ela por mais de 40 minutos. Até agora, vovó Daisy já interceptou mais de mil tentativas de falcatruas, o que, convenhamos, é quase nada diante da escala alcançada pelos contraventores, ao menos se pensarmos em termos de Brasil.

Mas só o gostinho de aplicar um golpe nos golpistas já dá aquela satisfação e um sentimento da justa desforra. Alô autoridades brasileiras: queremos vovós Daisy atuando por aqui.


segunda-feira, 20 de janeiro de 2025

REFLEXÕES SOBRE O BBB

- Fico seriamente preocupado que os ETs baixem por aqui e pensem que a humanidade seja representada pelos participantes do BBB.

- Desculpas para assistir ao BBB:

- “Só dou uma espiadinha de vez em quando.”

- “Assisti, mas com um olhar crítico”.

- “É importante para observar o comportamento humano em confinamento;”

- “Queria conferir o desempenho do Tadeu Schmidt

- “Minha mulher é quem gosta e como só temos uma TV em casa, acabo assistindo também”

- “Tem uma amiga das redes sociais de uma prima minha que está participando e estou torcendo por ela, só por isso tenho assistido”.

-  Da Postagem Alheia: Toda a vez que começa um BBB fico morrendo de medo de sair mais um deputado de lá.

- O melhor antídoto contra o BBB  é o controle remoto.


segunda-feira, 13 de janeiro de 2025

PRIMEIRAS REFLEXÕES DO ANO, COM MUITOS REPETECOS

1. E dizer que já chegamos a 1/24 de 2025!

2. O cumulo do masoquismo é sentir saudades de 2024.

3. Vem ai um novo BBB. Viva o Netflix

3.1. Aviso que vou críticar todos os q criticarem quem criticar o BBB

4. A propósito os maiores anunciantes da Globo e da RBS TV são, respectivamente, o BBB 25 e o Planeta Atlântida.

4.1. Na Globo, o segundo lugar, ameaçando o primeiro, está a Globoplay.

5. Pelo menos no Planeta Atlântida vamos saber quem são Matuê, Livinho, Kevin O Chris, Lagun e outros “famosos quem”. 

6.1. Supreendentemente Armandinho está confirmado...

7. Vai começar a temporada de liquidações e gritarias nos comerciais.

7.1..Vai ter a Liquidação Fantástica, a Bombástica e só falta a Fodástica.

7.2. Que jequice chamar liquidacao de "sale"!

8. Acabo de receber, junto com  a mensagem do Barichello: “Se fez aniversário é porque mudou de idade. Parabéns” (Dilma, presidente do Banco do Brics)

9. Pena que sensível queda na quantidade de mimos aniversariais frente ao mesmo período do ano passado! 

9.1.. Mas ainda dá tempo, gente amiga!

10. Contagem regressiva: faltam 9 dias para o início do charmoso Gauchão.

11. Ouvido na Mesa ao Lado: A verdade verdadeira não está nas postagens, mas nos comentários.

12. Uma frase de quem deixou saudades: "Quem vai decidir como os robôs vão agir são os humanos. Quanto melhores forem os humanos, melhores serão os robôs." 

(Washington Olivetto)

13. Merchan da casa - título da coluna semanal em Coletiva.net: As costas largas da Comunicação e o destino de Sidônio. Não perda.


As costas largas da Comunicação e o destino de Sidônio

 * Publicado nesta data em Coletiva.net

“Quando o governo vai bem, o mérito é do governo; quando o governo vai mal, a culpa é da comunicação”. Ouvi a frase pelo saudoso Ibsen Pinheiro, que conhecia como poucos as estruturas e os bastidores  do poder público e a quem tive a honra de suceder na Comunicação Social do governo Rigotto. Lembrei da frase a propósito da fritura a que foi submetido o ex-ministro da Secom do governo Lula, deputado Paulo Pimenta. O próprio presidente e lideranças do PT reclamavam que o governo se comunicava mal, não mostrava as realizações e os feitos em benefício dos brasileiros. Essa seria a principal razão para a avaliação do Lula III permanecer estagnada, num quase empate entre positivo e negativo, conforme mostrou recente pesquisa da Folha de São Paulo. No último levantamento da pesquisa AtlasIntel a desaprovação de Lula subiu 2,5 pontos em relação a novembro e bateu recorde, chegando a 49,.8%.

E, assim, Pimenta sofreu na última semana a segunda defenestração pelo presidente. A primeira foi quando Lula anunciou que seu candidato ao governo do RS era Edegar Preto e não o então ministro da Reconstrução, que tinha pretensões de suceder Eduardo Leite.

Não estou nem aí para a situação do Pimenta, um trapalhão e alpinista da política, que fala mais do que deve e quando não deve e realiza de menos. Ele já esteve sob suspeita e  precisou renunciar ao cargo de vice presidente da CPI do Mensalão devido ao  escândalo envolvendo um encontro reservado com Marcos Valério, um dos principais acusados no caso.  Depois, surge como o Montanha, nas listas da Odebrecht. Entretanto, acumulei alguma experiência em veículos e na  Comunicação pública em níveis estadual, municipal e no legislativo, e, por isso, ouso dizer  que a maior responsabilidade pelo desempenho insatisfatório da comunicação do Lula III não é do seu fiel escudeiro gaúcho.  

O governo Lula comunica mal porque passa a ideia de que administra mal o País, ao não controlar como devia as contas públicas, flertar com a inflação, transmitir intranquilidade ao deus mercado, com dólar aquecido, juros em alta, programas sociais cortados, salário mínimo sem ganho real, enquanto nem o desemprego em baixa e o PIB em alta minimizam o viés negativo.  Isso sem falar nas frequentes falas presidenciais fora do tom. para dizer o mínimo, e as intervenções inconveniente da primeira-dama nas questões do governo, canalizando contrariedades de boa parte da população.

A propósito, se a Secom tem por função cuidar da  imagem do governo, parte da responsabilidade pelo mau desempenho deveria ser creditada à dona Janja, que apadrinhou várias chefias no órgão e manteve com Pimenta e o prestigiado fotógrafo oficial da presidência, Ricardo Stuckert, uma disputa para saber quem mandava mais na comunicação governamental.

O secretário de Comunicação é talvez o mais político dos auxiliares de primeiro escalão de qualquer governo,  porque, além de administrar a gorda verba publicitária federal, trata de questões altamente estratégicas, ao fazer a ponte entre o poder público e os cidadãos, buscando aceitação e engajamento às políticas governamentais.  Lula, insatisfeito com a performance do único ministro gaúcho, optou para o cargo por um especialista em marketing, profissional de viés mais técnico, ao invés de um jornalista que também é político. A escolha gerou narizes torcidos entre petistas raiz, que acompanho nas redes sociais.

Sai Pimenta e entra Sindônio Palmeira, que foi o marqueteiro da campanha de Lula à presidência. O novo titular da Secom parece ter um nome que condiciona o destino. Sidônio é um termo que aparece na Bíblia e se refere a uma cidade antiga, Sidom, localizada na região da Fenícia, no atual Líbano.  Ou seja, a origem dele remete a uma região de frequentes conflitos, como ocorre em todos os governos e, especialmente, em Brasília.  Além disso, uma das características marcantes de Sidom era a prática da idolatria, assim como os petistas idolatram seu líder maior, o que certamente Sidônio vai levar em conta na sua nova função. E mais: o Novo Testamento revela que Cristo passou por Sidom e realizou milagres na região, mas talvez seja exagero afirmar que isso vai inspirar Sidônio para que vire milagreiro na tentativa de recuperar a imagem do governo Lula. Vale lembrar, ainda, que os sidônios eram opositores ao povo de Israel, mas com certeza não é caso do novo ministro, se bem que ele vai ter que atuar fortemente para minimizar a repercussão dos pronunciamentos presidenciais anti-Israel. Por fim, conta a favor de Sidônio que seus ancestrais eram reconhecidamente grandes navegadores, legado que o novo titular da Secom espera ter incorporado para enfrentar as tempestades que virão pela frente no Lula III. 

Pela amostra do evento de 8/1 e o improviso do Lula – “...os maridos são mais apaixonados pelas amantes do que pelas mulheres” – Sidônio terá muito trabalho.


segunda-feira, 6 de janeiro de 2025

Onda nostálgica

*Publicado nesta data em Coletiva.net

Quem lembra desses programas?

- Assista hoje na sua Tv Piratini, Canal 5, a mais um episódio de “Os Intocáveis” Estrelando Robert Stack como Eliot Ness, o agente federal que não dá trégua aos mafiosos de Chicago comandados por AL Capone.

- Não perca o episódio de hoje de “O Vigilante Rodoviário”, o empolgante seriado brasileiro, a cores. O inspetor Carlos e seu fiel cão Lobo lutando contra o crime nas rodovias brasileiras. 

- Conseguirá o doutor Richard Kimble provar sua inocência e encontrar o homem que matou sua esposa?   Acompanhe hoje na TV Gaúcha, canal 12, todas as emoções de “O Fugitivo”, interpretado por David Janssen.

- Os Cartwright, pai e filhos, na defesa do rancho Ponderosa no hostil cenário de Nevada. “Bonanza” é muita ação, em cores, no velho oeste americano. Assista logo mais, depois do capítulo da novela (...). 

- Aqui tem diversão para as crianças de todas as idades. Na TV Difusora, canal 10, hoje é dia de muitas mágicas com a poderosa Samantha e o marido James em “A Feiticeira”.  Não perca. 

Pois é, neste período me bate uma onda nostálgica, mostrando que o tempo passa quando vem a lembrança dos anos 1960 e 70, em que as séries televisivas eram tão aguardadas como os capítulos das novelas. Havia poucos canais de TV e as atrações seriadas, especialmente as produzidas nos EUA, davam audiência e  eram presenças obrigatórias nas grades de programação.  Eventualmente canais a cabo resgatam as séries daquele período, encontráveis também no YouTube.

Hoje o domínio é dos streamings e a oferta de séries, minisséries e filmes de todos os gêneros, é entretenimento garantido. Tanto assim que nas rodinhas de conversas em família, na firma ou nos botecos, a troca de sugestões sobre as novidades dos streamings ganha espaço e interesse cada vez maior, rivalizando com os debates esportivos entre os homens e as novidades estéticas entre as mulheres.

 A pergunta que cabe é: qual será a próxima novidade – inovação? -  que o mundo da comunicação digital nos reserva? Como sempre, na falta de melhor resposta, apelo para o velho clichê: reina grande expectativa, enquanto torço para que não me faltem assuntos no novo ciclo que está começando.