"O Brado do Ipiranga", de Pedro Américo
O Sete de Setembro dos tempos modernos ao invés de
resgatar nossos melhores sentimentos de amor à pátria tem se prestado para
protestos contra governos e revisão de fatos históricos. O som dos dobrados das
bandas militares são abafados pelas
vaias às autoridades visadas pelos manifestantes. Enquanto em Porto Alegre a Brigada Militar
teve modesta participação no desfile devido ao parcelamento dos salários, em
Brasília precisaram erguer uma cerca de metal para proteger o palanque oficial
onde estava a presidente Dilma. Só que tiro saiu pela culatra porque o tal
tapume foi alvo de colheraços e pichações dos manifestantes, potencializando os
protestos.
Lá como aqui as principais lideranças estão em xeque, assim como o papel desempenhado por Dom Pedro I na Independência do
Brasil e também a forma como se deram os fatos em 1822. Começa que até a data comemorativa vem
gerando dúvidas – seria 7 de setembro ou 12 de outubro – e o próprio grito do
Ipiranga não seria Independência ou Morte mas Independência ou Sorte. Pior ainda, toda aquela pompa retratada no
quadro "O Brado do Ipiranga" de Pedro Américo, que povoou nosso imaginário, não correspondeu à realidade. Dom Pedro estaria vestido como um reles
tropeiro, montando uma mula e padecendo
de uma disenteria , a popular dor de barriga.
É muita desqualificação para o meu gosto, eu que
desde os tempos escolares ansiava pela Semana da Pátria e o Desfile da Mocidade
que reunia os colégios públicos e privados marchando na avenida e promovia uma verdadeira competição entre as bandas
marciais das principais escolas. E havia ainda o feriado, que todo o estudante
curte mais que gente grande.
Hoje os desfiles escolares perderam em glamour e
participação, resistindo apenas pela dedicação dos professores,
sendo que este ano foram ainda mais acanhados e menos participativos em função
dos protestos do magistério público. E assim a semana da pátria perde cada vez
mais seu significado. Parece mesmo que cultuar os símbolos pátrios é vergonhoso
e que patriotismo se confunde com militarismo e autoritarismo, legado talvez do longo período dos militares no poder.
Nós gaúchos, pelo menos, temos uma boa desculpa para o
desinteresse. Estamos guardando nosso
fervor cívico para o 20 de setembro, a data Farroupilha, e aí se sobressai uma nova controvérsia: celebramos uma revolução em que fomos
derrotados, enquanto não damos maior ênfase aos vitoriosos movimentos de 1930
com Getúlio Vargas e à Legalidade liderada por Leonel Brizola. Vá entender esses gaúchos.
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