quinta-feira, 1 de maio de 2025

REFLEXÕES PARA TRABALHADORES E TRABALHADORAS

1.. O feriado de 1º de maio é pelo Trabalho ou pelo Trabalhador?

1.1. Pelo Trabalho não teria feriado; já o Trabalhador não ganha dobrado se folgar.

1.2. Feriado incoerente.

2. Já eu sou a favor da Zona...de conforto!

3. Bah, e não veio nenhum mimo pelo Dia do Sogro/Sogra.

4. Mano Menezes continua invicto no Grêmio: nenhuma vitória até agora.

5.E esse negócio de ressuscitar o Felipão me parece pensamento mágico. 

6. Acorda, Grêmio!

7. Do Whatsapp ao lado: Inter vai entrar com recurso. Apesar da regra de pelo menos um pênalti por partida ter sido mantida na terça-feira. Alega que penalidade não convertida  não conta. 

8. Sou do tempo em que Cartola era dirigente de futebol e não site de apostas.

9. Nova e Desimportante Mãe de Todas as Batalhas: Contra e a Favor da Camisa Vermelha na Seleção.

10. Cá entre nós: que besteira essa ideia de adotar uma camisa vermelha para a Seleção.

11. Plagiando a pergunta dos democratas sobre Nixon: “Você compraria um carro usado do Carlos Lupi .

12. Impressionante a resiliência dos ministros corruptos no governo Lula!

13. Ou seria resistência?

14. Governabilidade, quantas maracutaias cometidas em teu nome!

15. Bah, não aguento mais ver na TV aquelas reproduções de recortes de leis e notas oficiais ilustrando matérias.

16. Dúvida na TV: quem tem recebido mais espaço no JN: STF ou ABL?

17. Nova e Inexorável Mãe de Todas as Batalhas: contra e a favor de Miriam Leitão na ABL.

18. Ouvido na Mesa ao Lado: desse jeito a Academia virou sucursal do Projac.

19. Da série Criaturas que o Brasil esqueceu: onde anda o Mandetta? E o Joaquim Barbosa? E o Joao Dória?

20. Por um feriado pegando leve, roguemos com fervor.


segunda-feira, 28 de abril de 2025

De Bergoglio a Francisco

 Texto publicado em Coletiva.net em 20/04/2020, há 5 anos, portanto, mas que continua atual e que decidi resgatar agora que a Igreja Católica se mobiliza para a sucessão de Francisco.

De perto ninguém é normal, canta Caetano Veloso. Nem o Papa, acrescento eu.  Pelo menos é o que deduzi pelas revelações do cineasta  Fernando Meirelles, diretor do ótimo Dois Papas, no programa Manhattan Connection de 9 de fevereiro. Contou ele  que, ao pesquisar  na Argentina  para o roteiro do filme, conheceu um Bergoglio diferente da imagem que Francisco adotou e que a mídia propaga agora. Autoritário e pouco amistoso, assim era descrito por quem conviveu com ele na arquidiocese de Buenos Aires.  As pessoas próximas não gostavam dele, afirmou claramente Meirelles, nada lembrando o simpático jesuíta de hábitos simples, conhecedor  das favelas e torcedor do  San Lorenzo.

Apesar das revelações, Meirelles foi um tanto condescendente na abordagem do filme sobre a atuação de Bergoglio, quando superior dos jesuítas na Argentina, no episódio em que dois padres da ordem são presos e torturados pela ditadura daquele país. O cineasta não chega  a falsear os fatos, como uma Petra Costa em Democracia em Vertigem, mas não aprofunda o ocorrido e  de alguma forma até justifica a proximidade do superior jesuíta, então de perfil conservador, com um dos ditadores militares nos anos de chumbo da Argentina. Assim conseguiu proteger seus discípulos mais combativos, segundo versão oficial. A irmã de um dos sacerdotes torturados (Orlando Yorio) afirma, porém, que Bergoglio teria deixado os dois totalmente desprotegidos  naquele período autoritário. O outro jesuíta, Franz Jalics, absolve Bergloglio, com o qual já se reconciliou, como mostra o filme.

Interessante registrar que outro filme, a coprodução da  Argentina, França e Espanha de 2012, Elefante Branco , conta uma história muito semelhante à vivida pelos padres engajados, ambientada numa favela da periferia de Buenos  Aires. É estrelado pelo sempre presente Ricardo Darin, que protege um padre de origem francesa, perseguido pelas forças de segurança, enquanto a autoridade eclesiástica não ampara  os religiosos locais na luta cotidiana contra a miséria, a violência  e suas consequências no território onde atuavam.  Fica a dúvida se o representante do alto clero seria Bergoglio ou, se na verdade, ele encarnaria o personagem de Darin, atuando em situações parecidas como as da vila periférica, conforme descritas em Elefante Branco.

Estaríamos diante de um papa marcado por contradições, de origem conservadora no início da vida sacerdotal, agora progressista, tanto nas questões sociais  como dogmáticas? É preciso reconhecer que o papa já não  sustenta  aquela autoridade capaz de garantir obediência  cega de todo o  rebanho católico.  Aliás é entre os católicos, inclusive da hierarquia, que Francisco enfrenta as maiores resistências às mudanças que pretende implantar. Nem o dogma da infalibilidade papal em questões de fé é considerado pelos contestadores, entre eles fortes setores mais conservadores do catolicismo da Alemanha e dos Estados Unidos,  de onde vem as maiores contribuições para a manutenção e as obras sociais da Igreja, o que  pode gerar uma crise nas finanças do Vaticano.

Já atuei numa instituição ligada a estrutura da Santa Sé, a Cáritas Internacional, mas não  me tomem por vaticanista, embora considere a expressão muito charmosa e dignificante. Como sempre e para me eximir de outras responsabilidades, me apresento como um observador do quotidiano,  e nessa condição constato que  o  Santo Padre de santo não tem nada. É  tão humano como a turista inconveniente que recebeu uns tapas na mão ao puxá-lo numa caminhada junto ao povaréu. Quem também se frustrou no contato pessoal  com Francisco foi o já citado Meirelles. Presente em uma audiência de personalidades no Vaticano, ele conta que o Papa não deu a mínima  quando, num breve diálogo, falou sobre o filme que estava produzindo.

Os dois episódios, contudo, só reforçam a dimensão humana do Papa e é essa dimensão que o torna distinto em meio a pompa e circunstância que o cerca como sucessor de Pedro. Graças a isso, Francisco se posicionou e reposicionou a Igreja Católica nas manifestações e iniciativas diante da tragédia que se abateu no mundo todo, mas particularmente na Itália, com a pandemia da Covid-29. As exortações papais, nem progressistas nem conservadoras neste caso, mas plenas de compaixão, solidariedade e defesa da vida, voltaram a ser respeitadas e acatadas, até mesmo por não católicos.

As imagens das celebrações da quaresma, sem a presença de fiéis, tiverem a força dramática de emocionar audiências em todo o mundo, mais do que se ocorressem do modo tradicional, repletas de público na praça e na  Basílica de São Pedro. Eis aí, ressalte-se também, uma vantagem dos católicos sobre as outras igrejas: tem um líder reconhecido, de uma linhagem de mais de dois mil ano. Além disso, o carismático pontífice já mostrou que é bom de comunicação.

Talvez seja esse momento de aflição da humanidade e do seu rebanho em particular, que ajude Francisco a ganhar um novo alento para levar adiante um papado que se propõe renovador. Com as bençãos do Espírito Santo, como creem os católicos.


domingo, 27 de abril de 2025

REFLEXÕES DOMINICAIS NADA ABENÇOADAS

1. Brasília promoveu a Papatur: maior delegação oficial aos funerais de Francisco. Vinte autoridades!

1.1. De fazer inveja à CVC.

2.  Um governo só termina quando acaba.

2.1. Será mesmo?

3. Bobagem da postagem ao lado: A Ilza Scamparini trabalha em Rome Office.

4. Já a charmosa Bianca Rothier teve que deixar de lado sua coleção de echarpes e lenços coloridos para a cobertura do funeral papal.

4.1. Sabem o que isso significa? Nada!

5. Tem repórter e âncora que adoram pronunciar Santa Maria Magggiori ...Madgiori e variações.

6. Da série primeiras-damas: existem segundas, terceiras...?

7. Com esse negócio de prender ex-presidentes, Michelle já pensa em se asilar no Peru.

7.1. Questão de reciprocidade...

8. Nova Mãe de Todas as Batalhas: Golpe no INSS é no governo Lula x Golpe no INSS começou no governo Bolsonaro.

9. A Justiça tarda, mas não falha, mas como tarda: só agora Collor foi  preso por corrupção. 

10. Suspeito que a pena proposta pelo calvo Xandão à cabelereira seja uma vingança capilar...

10.1. Aliás, Xandão nem pode se descabelar de tanta pressão que vem sofrendo.

11. Daqui a pouco vai ter mais sites de aposta do que farmácias São João e lojas para pets.

12. Flagrantes da vida real: o carro tem vidro fumê e o motora insiste em buzinar e espera ser reconhecido...

13. Ouvido na mesa ao lado: "Só para parecer moderninho, agora só anda de patinete!"

14. A única certeza deste momento é que temos um futuro incerto pela frente.

15. Cruel ditado da Hora: Mais fajutas que as tréguas na guerra Ucrânia x Rússia.

15. Certo mesmo é que nesta segunda-feira Coletiva.net publica a semanal coluna deste reflexivo, com o instigante título De Bergoglio a Francisco. 


quarta-feira, 23 de abril de 2025

REFLEXÕES RESPEITOSAS NO DIA DE SÃO JORGE

1.Da série Dúvida Cruel: por que chamam de São Jorge quem pega mulher feia?

2.Da série Ouvido na Mesa ao Lado: “Não sou São Jorge, mas já matei muitos dragões!”

2.1. Quem nunca?

3. Empate épico ou dois pontos perdidos, ontem no Beira-Rio? 

4. Vermelhos já estão preocupados com a uma possível Síndrome de Roger, acometendo o time: larga bem, mas depois começa a  cair.

4.1.Só pra lembrar: Inter não vence há três jogos.

5.  Daria um dedo para ter acesso às conversas de bastidores no STF nesses dias de julgamentos do 8/1.

6.Será que bate um ciuminho nos doutos ministros com o excessivo protagonismo de Alexandre de Moraes na corte?

7.O que maios me impressiona no Vaticano é a guarda suíça, com aqueles uniformes que lembram o Madureira, time carioca,

9.Ditado da Hora: Mais repetitiva que cobertura do funeral do papa.

9. Dúvida da mesa ao lado: “Quantos papas a Ilze Scamparini já enterrou?”

10. Da série Confissões: não me convidem para a mesma mesa de uma torta fria...

11. Vem ai um frio gostoso! Uma ova. Podem ficar com a minha parte.

12. Hoje é também o Dia Mundial do Livro. Saudação aos leitores de fé e aos escritores de verdade.

13. Hosanas: acabou o BBB 25.


sábado, 19 de abril de 2025

REFLEXÕES EM DIA DE GRENAL E VÉSPERA DE PÁSCOA

1.Grêmio inscreveu Fernando Lázaro como auxiliar técnico para o Grenal.

1.1. Pode ser que assim ressuscite amanhã. 

1.2. Aliás, bem apropriado para a véspera da Páscoa.

2. Na verdade, o Grêmio joga por um resultado apenas: não ser goleado.

3. Depois de um Quinteros alienígena, Grêmio vai optar por um técnico mais familiar, um verdadeiro Mano.

4.Que rolo essa história do asilo para a ex- primeira-dama do Peru!

4.1.É Hum Mala mesmo!

5. Rolo maior só a retaliação do Xandão, interrompendo o processo de extradição de um traficante búlgaro pedida pela Espanha.

5.1. Xandão, sempre ele. 

6. A bela Aline Midjet, ancora sazonal no JN, tem a maior coleção de penteados da TV brasileira, quiçá mundial.

6.1.Disputa acirrada com os lenços e echarpes de outra bela, a Bianca Rothier. 

6.2. Mas nada bate a coleção de “s” daquela moça que chia nas matérias da sucursal de Londres.

7. Os veteranos detestam feriadões porque não tem filas para frequentar e interagir com outros veteranos.

7.1. Por sinal, veterano conta o tempo pelas cartelas de remédio. Quando terminam, lá se foi mais um mês.

9. Relembrando Miniconto by Cezar Arruê:

- Tu é ele ou ela?

- Ela, respondeu ele.

10. Do Whatsapp ao lado: “Jesus Cristo viveu 33 anos, mas o Oliboni interpreta Ele há mais de 40 anos. Parece o avô de Cristo...” (By N.S.)

11. Filosofada na Mesa ao lado: “E se tudo for apenas um sonho?”

12 .Reflexões adverte: não levem essas reflexões tão a sério.

13. É bom um feriadão, né?! E que o coelhinho seja generoso, especialmente com a criançada.


segunda-feira, 14 de abril de 2025

Tudo começou há 130 anos

 *Publicado nesta data em Coletia.net

Apontamentos históricos dão conta de que o futebol de várzea surgiu no Brasil por São Paulo no início dos anos 1900, junto com a popularização do esporte no país. Os primeiros registros da prática são da região da Várzea do Carmo, na região do Brás, às margens do rio Tamanduateí, já indicando a origem do termo futebol de várzea. A   primeira partida oficial em São Paulo – e consequentemente no país – foi organizada por Charles Miller, considerado o pai do futebol no Brasil. Ocorreu  no dia 14 de abril de 1895, portanto há exatos 130 anos, reunindo os trabalhadores da Gas Company of São Paulo e os ferroviários da São Paulo Rallway, time de Miller, que venceu por 4 x 2. 

A elite passou a praticar o esporte nos clubes fechados, como o Clube Atlético Paulistano que conseguiu da Prefeitura de São Paulo,  em 1901,a transformação do antigo velódromo da cidade em um campo de futebol. Clube frequentado pelas elites, o Paulistano só permitia o acesso ao local dos times ligados aos ricos proprietários e industriais emergentes. Já os   trabalhadores das periferias batiam sua bolinha nos campos improvisados, terrenos baldios, praças abandonadas, enfim, em qualquer espaço que pudesse congregar os jogadores e uma bola. 

Surgiu daí o termo várzea, associado àquela prática dos operários. Várzea vem do latim “vallis”, que significa vale ou planície, sendo utilizada para se referir aos improvisados campinhos de futebol, que ficavam em áreas alagadas ou às margens de rios. Com o tempo, o termo várzea ganhou uma conotação mais ampla e passou a ser usado como referência para os jogos de futebol fora do circuito profissional. Além disso, pode ser entendido também como pelada, incluindo futebol soçaite ou futebol sete, futebol de areia, futsal ou futebol de rua. Entretanto, o futebol de várzea raiz é onze contra onze, em campo gramado ou não, seguindo as regras da FIFA. 

Em São Paulo, principalmente os imigrantes italianos e portugueses tiveram um importante papel no início do futebol de várzea. Esses imigrantes, atraídos ao grande centro urbano desde a transição da escravatura para o trabalho livre, passaram a promover partidas informais nos momentos de lazer. Era  uma forma de desconectar do trabalho pesado, estabelecer novas amizades e fortalecer laços entre colegas e vizinhos. Havia, ainda, equipes formadas por mulatos e negros que viviam do trabalho informal. 

É válido supor que esse processo que favoreceu o crescimento do futebol varzeano em São Paulo tenha se reproduzido, ao final do século 19 e início do século 20, em outros centros urbanos.  A instalação de muitas indústrias atraiam contingentes de mão de obra, que seriam potenciais jogadores para  a grande quantidade de equipes que passaram a disputar suas partidas nas várzeas. 

Com o passar dos anos, o futebol de várzea cresceu e se consolidou como uma tradição nas periferias e bairros de todo o país. Times surgiram, rivalidades locais foram criadas e os torneios começaram a atrair torcedores apaixonados pela agremiação de sua região, fortalecendo os laços comunitários

Em Porto Alegre, bairros tradicionais e com grande concentração de trabalhadores, como Navegantes, Glória, Parthenon e, mais recentemente, a Restinga, foram importantes no surgimento de times amadores, que muitas vezes carregavam nomes e símbolos que refletiam os raízes culturais e sociais das comunidades que representavam.

Texto do livro Viva a Várzea – Segundo Tempo, que será lançado nesta terça-feira, a partir das 18 horas, no Chalé da Praça 15, no Largo Glênio Peres.  A obra reúne 16 autores e muitas histórias, além de resgatar competições que movimentaram o futebol varzeano. Essa é a escalação dos varzeanos que participam do Segundo Tempo: Ajax Barcellos, Caio Augusto Klein, Dante Turra Filho, Eduardo Alvarez Rodriguez, Eduardo Battaglia Krause, Felipe Vieira, Flávio Dutra, Juarez Fonseca, Leonardo Contursi, Luciane Lauffer, Mario de Santi, Michelly Nunes Santos, Piero D’Alascio, Sérgio Kaminski, Tadeu Oliveira e Vicente Dattoli. 


domingo, 13 de abril de 2025

REFLEXÕES DOMINGUEIRAS E LIGEIRAS, COM ALGUNS REPETECOS

 1. Hoje é o Dia Internacional do Beijo. O que não inventam! O dia, não o beijo. 

2. Conheço um sujeito tão pernóstico que trata a data como Dia Internacional do Òsculo.

3. Nova Mãe de Todas as Batalhas, parte 2: Gilmar Mendes x Sérgio Moro.

3.1.Consta que não tem mocinho nessa disputa.

4. Da postagem alheia sobre certos jogos do Grêmio: “Não via uma pelada tão feia desde a Playboy da Hortência”.

5. Da Postagem alheia 2: “O Brasil tem quatro poderes: Executivo, Legislativo, Judiciário e o Alexandre de Moraes”

5.1. Já eu sou do tempo em que a Imprensa era o quarto poder!

6. Constatação: nos filmes mais antigos, os casais só faziam papai-mamãe.

7. Mais uma constatação: pior inimigo dos caminhantes solitários são os cachorros vira-latas.

8. Constatação 3: O principal anunciante da Globo continua sendo uma empresa chamada Globoplay...

9. Constatação 4: o Tony Ramos virou o porta-voz da Globo. Um ator com mais credibilidade que os jornalistas...

10.  E, enfim,  uma boa notícia: o BBB está terminando.

11. Saudade daquela sexóloga do Altas Horas!

11.1. Dava um caldo e tanto!

12. Da série Preciso Confessar: gosto de uma gordurinha localizada...

12.1. No churrasco, claro.

13.  Reflexões, quantas bobagens em teu nome!

14. Nesta segunda-feira celebra-se os 130 anos da primeira partida de futebol no Brasil.

14.1. Parte dessa história está contada no livro VIVA A VARZEA, segundo tempo, que será lançado na terça-feira no Chalé da Praça 15.

15. Bom churrasco a todos, com aquela gordurinha localizada.


segunda-feira, 7 de abril de 2025

Apocalipse now?

 *Publicado nesta data em Coletiva.net

Certas postagens do Reels, que eventualmente acompanho, estão cada vez mais apocalípticas.  Não satisfeitos em me confundirem, lançando dúvidas ou garantindo certezas sobre a presença de ETs entre nós, os especialistas em universo agora tratam de eventos que podem ocasionar o fim do nosso planeta como o conhecemos hoje. Assumem aquele ar grave e despejam um monte de informações e dados técnicos que reforçam o pânico diante  de um evento caótico que estaria se aproximando. Já dá para antever, como nos filmes, os automóveis congestionando as estradas e as elites escapando nos últimos voos. É inevitável lembrar também do asteroide de cerca de 10 km de diâmetro que caiu há 65 milhões de anos na região onde hoje é o México e, por seus efeitos, dizimou os dinossauros e todos os organismos vivos existentes então na Terra. Só depois é que vem o complemento de que  a anunciada  colisão da galáxia Andromeda com a nossa Via Láctea é para daqui a bilhões de anos.  Deverá ser um espetáculo e tanto para quem sobreviver até lá. 

Entretanto, tem outro evento  no radar dos catastrofistas, previsto para bem mais breve e com grande potencial de gerar preocupação entre os terráqueos. Trata-se do recém descoberto asteroide 2024 YR4, uma rocha com cerca de 40 metros de largura por 90 de comprimento, que se aproxima da Terra com chance de 1 em 53 de impactar algum lugar do planeta. Tem até data em que isso poderá acontecer: 22 de dezembro de 2032. Amanhã, portanto, em tempo do cosmo.  As chances de cair aqui até já foram maiores, ou 3,1%. A nova previsão significa que há 98,5% de chances de que o asteroide, que é grande o suficiente para destruir uma cidade, não cause problemas à Terra. Roguemos para que a previsão dos experts funcione. 

Repito que não me conformo com esses especialistas que tratam dos perigos que nos rondam como se eles fossem  ocorrer na semana que vem, sem tempo para que  possamos construir um bunker ou fugar para as montanhas.  Ficamos em sobressalto até  entender que que somos apenas um pálido pontinho azul no espaço sideral, como mostrou a câmera da nave Voyager 1 e que o universo segue seu ritmo e em expansão acelerada, ditada sei lá por quem. E tem que ter muita pontaria para acertar um planeta apenas médio do sistema solar, do sol que é uma estrela de tamanho médio e só mais uma das mais de 100 bilhões da via Láctea, que é apenas uma  entre bilhões, quiçá trilhões, de galáxias do universo observável. Assim fico bem mais tranquilo com a nossa insignificância, se bem que um tanto depressivo por pertencer a, apenas, um pálido pontinho azul.  Acho melhor parar de assistir a essas postagens alarmistas.


segunda-feira, 31 de março de 2025

Os especialistas e a mídia

*Publicado nesta data em Coletiva.net

Desconfio de todas as matérias jornalísticas que trazem  “especialista” no título. Parecem aquelas matérias da antiga Veja e ainda hoje usadas por alguns veículos. O viés da reportagem, normalmente desfavorável a alguém ou alguma instituição, está pronto, mas precisa ser validado por uma fonte considerada abalizada. o “especialista”. Se for da academia, melhor ainda.

 A Rede Globo, na sua cruzada pelos valores e propostas que defende, tem abusado dessa estratégia, especialmente quando trata de temas econômicos ou científicos. O que se observa é um desfile de “este especialista”, ou o “renomado professor”, ou “o conceituado pesquisador” nos boletins dos repórteres e nas entrevistas ao vivo. A sucursal dos Estados Unidos certamente vai bater o recorde de participações de representantes das principais universidades americanas, alguns inclusive brasileiros já com leve sotaque do país. Isso porque partem do princípio de que a ninguém é dado o direito de desacreditar das opiniões de um luminar de centenárias instituições universitárias.

Por aqui, sobram espaços para os doutores tupiniquins quando o tema é mais regional e, pelo que tenho observado, há uma espécie de busca por professores de cursos superiores menos prestigiados, pode até ser do interiorzão se a matéria é sobre o agro. Entretanto, quando se trata do pessoal da USP, os repórteres parecem fazer uma espécie de reverência, que a maioria dos uspianos até merecem. 

Em períodos eleitorais é inevitável a saliência dos cientistas políticos, superados em todos os períodos pelos especialistas em Segurança, ambos repletos de teses e soluções óbvias. Parecem as platitudes do César Trali, opinando após todas as matérias do Jornal Hoje.

O que tem de “chutador” entre esse pessoal! Lembro que na guerra do Golfo um expert em estratégia militar, recrutado pela Globo, chamava a atenção para a “temível Guarda Republicana” de Sadam Hussein, que sequer deu as caras e muito menos tiros diante da investida das tropas americanas. Mais recentemente, durante a pandemia, surgiram até especialistas em uso de máscaras, fora os contra e a favor da vacina ou da cloroquina. Foi quando se sobressaiu o falastrão reitor da Ufpel,  o professor de Educação Física Pedro Hallal e seu estudo para avaliar a prevalência de infecção pela Covid 19. Ninguém entendia bem qual a utilidade da tal pesquisa, mas ela acabou servindo para embasar o plano de distanciamento controlado do governo do RS, além de garantir generosos espaços na mídia para o reitor, mais tarde cogitado para uma candidatura ao senado. Era o tempo do “fica em casa e a economia a gente vê depois”. Deu no que deu.

Na real, o  “este especialista” consultado sempre tem a solução mais fabulosa e arrojada para os problemas, não importando se existem recursos e viabilidade para a execução de faraônicos projetos. Mas a ideia proposta passa a ser definitiva, inquestionável e ai de quem ouse pensar diferente. O nome desta postura chama-se desonestidade intelectual, pecado dos sectários e donos da verdade. 

A responsabilidade primeira sobre esse processo, vale reprisar, não é dos tais consultores, mas de quem os contrata e aciona. A mídia parece envergonhada de assumir determinadas posições e busca respaldo na opinião dos doutores – e de ONGs, acrescente-se -  para reforçar o que, na verdade, pretende passar. Em outros casos, procura dar um verniz erudito a determinados temas de forma a valorizá-los. E o que constatamos, na maioria das vezes, repito, é um festival de obviedades, o primado do achismo, nivelando-se aos piores debates esportivos. Nestes, pelo menos, permite-se o contraditório.


segunda-feira, 24 de março de 2025

As duas dimensões humanas

*Publicado nesta data em Coletiva.net

O que tem em comum Ronaldo Fenômeno, Didi dos Trapalhões e Regina Cazé? Conforme depoimentos de quem convive com essas celebridades, elas se comportam de um jeito simpático e amigável publicamente, mas longe dos holofotes assumem outro comportamento – são insuportáveis, pra dizer o mínimo, reproduzindo o que se ouve nos testemunhos. 

Esses depoimentos, a maioria disponível em podcasts, comprovam o que canta Caetano Veloso em Vida Profana: “de perto, ninguém é normal”, ou, usando uma corruptela, longe das câmeras ninguém é normal.  É bem verdade que falar mal dos famosos é um esporte nacional e aí entra mais gente na roda, como Antônio Fagundes, Galvão Bueno e até o falecido Ayrton Senna, com suas chatices ou relação conturbada com os fãs, com seus iguais e com assessores. Poderia enumerar muitos exemplos mais, incluindo lideranças políticas que só assumem o figurino de gente boa em período eleitoral.   Porém, todos eles tem que saber que a regra é clara:  quem tem exposição pública não pode se valer disso para destratar aquele que é obrigado a conviver com o famosinho. 

A propósito, lembro que já escrevi sobre um confrade de minhas relações que costuma julgar as pessoas nas dimensões física e  jurídica.  A física diz respeito aos atributos pessoais - caráter, personalidade, atitudes – e a jurídica ao desempenho profissional – competência, entregas, relacionamento funcional, comprometimento.  Assim, não é raro se referir a um conhecido no condicional:

- Na física é uma rica de uma pessoa, mas, na jurídica, um baita incompetente.

Também é recorrente a sentença inversa:

- Na jurídica é um grande profissional, mas, na física um péssimo caráter.

Nesta minha jornada septuagenária   sou tentado a concordar com o confrade, eis que tenho convivido com gente de todas as espécies.  Conheço perfis, especialmente entre as chamadas pessoas públicas, que induzem a grandes enganos com suas atitudes.  Fina flor da meiguice para efeito externo, nas internas são verdadeiros déspotas.  E parece haver uma relação direta entre a ascensão do sujeito e a incivilidade: quanto mais poderosos, mais autocráticos. Os piores são aqueles que recebem um carguinho e acham que são deuses.

- Dá-lhe o látego e conhecerás o tirano, - dizia, algo solene, um diretor de rádio que conheci no passado, ele mesmo um especialista em disseminar o terror entre os seus colaboradores.

O látego, para quem não sabe, é o chicote usado pelo verdugo para flagelar suas vítimas. As vítimas são todos aqueles obrigados a conviver com os opressores de plantão, porque o sujeito mal avaliado na jurídica, mas de boa índole, ainda passa, porém, o contrário não é verdade. Do jeito que vai, daqui a pouco seremos obrigados a imitar Diógenes, que saia as ruas na Grécia antiga carregando uma lamparina, alegando que estava a procurar um homem honesto e íntegro.  Detalhe: o filosofo era conhecido como Diógenes, o Cínico, o que deve significar alguma coisa sobre o caráter dele.

Na verdade, Diógenes procurava a virtude de uma vida simples e natural, dessa simplicidade e espontaneidade de que são feitas as pessoas do bem, que prescindem do látego porque são integras na física e na jurídica. Se me pedirem nomes dos outros, nem com látego revelo.