O queridíssimo Evaldo Gonçalves, além de competente
editor dos chamados esportes amadores da Zero Hora na década de 80/90 do século
passado, era o patrono da Confraria da Caveira Preta, que reunia um bando de
jornalistas bandalhos em festins gastronômicos, etílicos e difamatórios. Incapaz de compartilhar as maldades dos
confrades, Evaldo a tudo ouvia, mantendo
aquele seu jeito generoso e o máximo que pronunciava, mesmo diante do mais
escabroso dos assuntos, era uma frase que acabou virando um mantra:
- Que fim de século!
Se ainda estivesse entre nós, o bom Evaldo
certamente teria alterado sua frase diante deste desconcertante século 21:
- Que início de século!
Não há mais dúvida de que 2015 vai marcar
definitivamente o término de uma era e o início de outra. O marco simbólico
desta nova era é o fim da revista Playboy como a conhecemos: sem mulher
pelada. A onda, motivada pela perda de
leitores e faturamento, começa na edição
americana e logo deve chegar ao Brasil. Agora só aparecerão os chamados ensaios
sensuais.
As peladonas gráficas foram derrotadas pela internet
com seus portais para adultos e a
profusão de vídeos eróticos e pornográficos em todas as plataformas. Hugh Hefner, fundador da Playboy nem tem
porque se queixar, uma vez que mantém um canal na Tv por assinatura, muito
assistido nos motéis. É o que me contam porque já não frequento mais esses
estabelecimentos.
A Playboy revista formou gerações inteiras ,
cumprindo um papel relevante na iniciação sexual artesanal, por assim
dizer, entre os rapazes. Só por isso mereceria teses e teses de
mestrado, se é que isso já não aconteceu.
Parece que estou vendo os falsamente intelectuais elogiando as entrevistas de abertura e os
artigos avançadinhos, quando, na verdade, se deleitavam com as histórias
picantes do Fórum e as peladonas em geral, com direito à exibição daquela
página central dupla.
De minha parte não é a primeira vez que falo da
revista aqui neste descaminho do ViaDutra. Da outra vez (Musas na Playboy, em
26/05/2012) lembrei que houve um tempo em a informação de quem seria a garota da
capa era tão esperada como o anúncio dos planos econômicos para conter inflação. Talvez houvesse relação de causa e
efeito entre as duas situações, uma impactando fortemente nosso bolso e a outra
compensando com verdadeiros colírios para os nossos olhos e provocações para
nossa libido.
Agora, a
notícia da mudança na publicação provocou uma onda saudosista e só eu, um respeitável avô, já recebi
duas remessas digitais de fotos de ensaios pra lá de sensuais,
verdadeiras relíquias do acervo da revista. No primeiro, um lote bem mais
retrô, com Cláudia Raia, Sônia Braga, Sandra Bréa, Vera Fischer, Monique Evans,
a eterna Luiza Brunet, a Xuxa da era Pelé e Cláudia Ohana com aquela antológica
floresta amazônica de pelos pubianos. O
outro lote, mais contemporâneo, contempla caras, bocas e poses de um time de
respeito, entre outras, Grazi Massafera,
Cléo Pires, uma tal de Amanda ex BBB, Aline Prado, Carol Dias e Sabrina Sato
que não, não tem aquilo atravessado, diferente do que imaginávamos quando
começamos a nos interessar pelo tema e discutíamos sobre o formato das
japas. Isso em passado distante.
Com essas máquinas, antigas e modernas, com ou sem photoshop, a Playboy
deixou de ser exclusividade das paredes de borracharia e ganhou espaço nas boas
casas de família. Saudosista que sou, vou deplorar a mudança mais pela estética
do que pelo erotismo, apelando para o mantra que o nosso patrono Evaldo
Gonçalves usaria;
- Se é assim, que
lamentável início de milênio!
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