sábado, 10 de maio de 2014

O rei das ofertas

Herdei de meu pai o hábito de buscar  as ofertas  e promoções nas lojas e supermercados.  O saudoso Coronel  Dastro (assim era conhecido e tratado, embora fosse tenente-coronel) não resistia aos preços baixos do leite e comprava caixas e caixas; azeite em oferta e a dispensa no porão da morada dos Dutra na rua Ivo Corseuil se enchia de latas de Merlin ou Primor, as marcas da época;  feijão e arroz com preço convidativo e a prateleira quase vergava ao peso dos não-perecíveis adquiridos.  Era tanta quantidade que o bom Coronel, tido como mão fechada, ficava generoso e apelava aos filhos para que levassem parte dos produtos.

A busca pelo melhor preço, por certo,  deve ter sido resultado dos tempos de penúria, quando o oficial da Brigada Militar, do qual se orgulhava, não era valorizado nos seus salários, diferente de hoje.   Além disso,  havia uma escadinha de filhos para alimentar, vestir e prover educação.  Mas sobrevivemos todos, bem nutridos e bem formados, àqueles tempos difíceis.
Pois, apesar de tudo, não enfrentei tantas dificuldades graças aos esforços dos pais, mas a atenção  às ofertas e promoções  passou à geração seguinte e me escolheu para dar seguimento à prática. Comecei meio enviesado, escolhendo a cerveja e o vinho nas gôndolas promocionais, mas muitas dores de cabeça depois, passei a refinar os hábitos e escolher ofertas com padrões mais elevados.  Nesse caso, o barato sai caro no dia seguinte.
Hoje, registro com satisfação que algumas das minhas melhores  camisas azuis foram adquiridas em promoções nas boas casas do ramo, como aquela que a etiqueta indicava custar R$ 9,90, um preço tão ridículo que me vi obrigado a comprar junto um par de meia a R$ 19,90 para não passar vergonha com as moças da caixa.  Vale o mesmo para minhas jaquetas preferidas, em quantidade maior do que  preciso, mas a maioria adquiridas sob impulso da palavra mágica – Promoção.  No exterior, dou preferência aos outlets e não tenho motivos para arrependimento.
Quem me conhece sabe que não sou mão de vaca, mas sou compulsivo diante das rebaixas., como se vê.  E tanto sou generoso que vou socializar a oferta do fim de semana no Zaffari: vinhos da bodega Casa Silva,  carmenere e cabernet  sauvignon, de honestas vinhas chilenas, a R$ 24,90. Levando dois, sai por R$ 22,90.  Levei  dois, é claro.

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